LUÍS FERNANDO PEREIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Na coluna passada, uma pergunta ficou no ar: por que colocamos uma folha de alumínio em uma panela com água (e bicarbonato de sódio) quente, para limpar um anel de prata escurecido pelo gás sulfídrico (H2S)?
Para entender, você tem de saber o que significa, para um metal, estar oxidado. O ferro, por exemplo, quando enferruja, é porque oxidou. A prata do seu anel também se oxidou. Um metal oxidado é um metal que perdeu um ou alguns dos seus elétrons. O O2 do ar, em conjunto com o "perfumado" H2S (um poluente atmosférico), "arranca" um elétron da prata e ela se oxida . Então o íon Ag+ se combina com o sulfeto (S2-) e pronto. Seu anel fica pretinho (o Ag2S é preto).
Como recuperar, então, a prata metálica (Ag0) e deixar seu anel novinho em folha? Que tal devolver os elétrons que foram roubados da prata? Ótimo. Mas como?
É aí que entra a ilustração acima: a montanha dos potenciais. Essa montanha funciona da seguinte maneira: quanto mais alto o metal estiver, maior será a sua "vontade" de se oxidar, isto é, de perder elétron(s). Assim, podemos concluir que os metais que "moram" no topo da montanha doam seus elétrons sem problemas. Faça seu anel oxidado reagir com algum deles e a prata terá de volta os elétrons perdidos.
Mas escolha bem. Evite os elementos do grupo 1, pois explodem na água! Já o alumínio... é uma ótima opção! Ao oxidar-se, ele cederá aos íons Ag+ os elétrons de que eles tanto precisam . Resultado: anel recuperado!
Essa grande "vontade" de se oxidar também explica por que o papel-alumínio que cobre uma lasanha numa tigela de aço inoxidável (feito com ferro) acaba corroído em poucos dias. Veja a ilustração e raciocine!
Mas, então, como explicar por que as panelas de alumínio não oxidam? Será que não se oxidam mesmo? Ah, mas essa já é outra história...