São Paulo, quinta-feira, 15 de agosto de 2002
  Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ADEUS À DECOREBA

Sem cobrar memorização, prova privilegia associação de conceitos

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO É A PRINCIPAL EXIGÊNCIA DO EXAME, COMPOSTO POR 63 TESTES

ANDRÉ NICOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O estudante que ainda não começou a se preparar para a prova do Enem, a ser aplicada no próximo dia 25, não precisa desesperar-se. Segundo professores, mesmo que houvesse tempo, não há como estudar especificamente para a prova.
Isso acontece porque, diferentemente dos exames vestibulares tradicionais, a prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) não tem ênfase nos conteúdos do ensino médio. O estudante dificilmente terá de saber, por exemplo, o clima predominante em determinada região ou fazer alguma equação complicada.
O que a prova, que deve ser feita neste ano por 1,8 milhão de estudantes, pretende avaliar são as chamadas competências e habilidades -ou seja, a forma como o aluno lida com o conhecimento que lhe foi transmitido durante os ensinos fundamental e médio.
Serão avaliadas cinco competências: o domínio da linguagem, a compreensão de fenômenos, a capacidade de enfrentar situações-problema, a construção de argumentações e a elaboração de propostas. Essas cinco competências são subdivididas em 21 habilidades diferentes, com três questões para cada uma, o que totaliza as 63 perguntas da prova objetiva.
Por não ter ênfase nos conteúdos, o exame nem ao menos é dividido em disciplinas. Não há perguntas específicas de biologia ou de física, por exemplo. Em vez disso, a prova privilegia a interdisciplinaridade, ou seja, a relação entre diferentes matérias.
Apesar de o conteúdo não ser cobrado, o aluno deve ter estudado as diferentes matérias para adquirir as habilidades e competências. "A preparação feita durante todo o ensino médio é a preparação para o Enem. A pessoa pode esquecer muitas matérias, mas aprendeu a ler e a pensar. Isso não se esquece e é o que será pedido", disse Sezar Sasson, supervisor de biologia do Anglo.

Leitura atenta
A principal competência exigida na prova é a interpretação de texto. Para tirar uma boa nota, portanto, é necessário fazer uma leitura atenta do enunciado. "Gaste o tempo direito. Há cinco horas de prova. Dá tempo de ler tudo com cuidado. Muitas vezes a resposta está no próprio enunciado", disse João Ribeiro de Carvalho Filho, coordenador do Etapa.
Grande parte das questões tem enunciados longos, chamados de situações-problema, em que se pretende contextualizar a pergunta por meio de fotografias, de gráficos ou de textos.
"A introdução é muito importante. Conheço alunos que foram mal porque não leram o enunciado pensando que não tinha importância. Há vestibulares em que o texto não tem nada a ver com a pergunta, mas isso não ocorre no Enem", disse Antonio Mario Salles, coordenador do Objetivo.
Mesmo que já tenha feito a prova anteriormente, o estudante que irá prestar vestibular neste ano deve fazer o Enem novamente. Boa parte das universidades utiliza a nota mais alta do exame como parte do processo seletivo.
Nas três estaduais paulistas, por exemplo, a nota do Enem pode contar até 20% de alguma das provas (veja quadro). "Em geral, os alunos vão melhor no Enem do que nos vestibulares. Na pior das hipóteses, o exame pode não ajudar em nada", disse Sasson.


Texto Anterior: Fique Atento
Próximo Texto: Leitura é maior deficiência de alunos avaliados
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.