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ADEUS À DECOREBA
Sem cobrar memorização, prova privilegia associação de conceitos
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO É A PRINCIPAL EXIGÊNCIA DO EXAME, COMPOSTO POR 63 TESTES
ANDRÉ NICOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O estudante que ainda não começou a se preparar para a
prova do Enem, a ser aplicada no
próximo dia 25, não precisa desesperar-se. Segundo professores,
mesmo que houvesse tempo, não
há como estudar especificamente
para a prova.
Isso acontece porque, diferentemente dos exames vestibulares
tradicionais, a prova do Enem
(Exame Nacional do Ensino Médio) não tem ênfase nos conteúdos do ensino médio. O estudante
dificilmente terá de saber, por
exemplo, o clima predominante
em determinada região ou fazer
alguma equação complicada.
O que a prova, que deve ser feita
neste ano por 1,8 milhão de estudantes, pretende avaliar são as
chamadas competências e habilidades -ou seja, a forma como o
aluno lida com o conhecimento
que lhe foi transmitido durante os
ensinos fundamental e médio.
Serão avaliadas cinco competências: o domínio da linguagem,
a compreensão de fenômenos, a
capacidade de enfrentar situações-problema, a construção de
argumentações e a elaboração de
propostas. Essas cinco competências são subdivididas em 21 habilidades diferentes, com três questões para cada uma, o que totaliza
as 63 perguntas da prova objetiva.
Por não ter ênfase nos conteúdos, o exame nem ao menos é dividido em disciplinas. Não há perguntas específicas de biologia ou
de física, por exemplo. Em vez
disso, a prova privilegia a interdisciplinaridade, ou seja, a relação
entre diferentes matérias.
Apesar de o conteúdo não ser
cobrado, o aluno deve ter estudado as diferentes matérias para adquirir as habilidades e competências. "A preparação feita durante
todo o ensino médio é a preparação para o Enem. A pessoa pode
esquecer muitas matérias, mas
aprendeu a ler e a pensar. Isso não
se esquece e é o que será pedido",
disse Sezar Sasson, supervisor de
biologia do Anglo.
Leitura atenta
A principal competência exigida na prova é a interpretação de
texto. Para tirar uma boa nota,
portanto, é necessário fazer uma
leitura atenta do enunciado.
"Gaste o tempo direito. Há cinco
horas de prova. Dá tempo de ler
tudo com cuidado. Muitas vezes a
resposta está no próprio enunciado", disse João Ribeiro de Carvalho Filho, coordenador do Etapa.
Grande parte das questões tem
enunciados longos, chamados de
situações-problema, em que se
pretende contextualizar a pergunta por meio de fotografias, de
gráficos ou de textos.
"A introdução é muito importante. Conheço alunos que foram
mal porque não leram o enunciado pensando que não tinha importância. Há vestibulares em que
o texto não tem nada a ver com a
pergunta, mas isso não ocorre no
Enem", disse Antonio Mario Salles, coordenador do Objetivo.
Mesmo que já tenha feito a prova anteriormente, o estudante
que irá prestar vestibular neste
ano deve fazer o Enem novamente. Boa parte das universidades
utiliza a nota mais alta do exame
como parte do processo seletivo.
Nas três estaduais paulistas, por
exemplo, a nota do Enem pode
contar até 20% de alguma das
provas (veja quadro). "Em geral,
os alunos vão melhor no Enem do
que nos vestibulares. Na pior das
hipóteses, o exame pode não ajudar em nada", disse Sasson.
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