São Paulo, quinta-feira, 15 de agosto de 2002
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REDAÇÃO DO LEITOR

Retórica tenta disfarçar simplismo do raciocínio

THAÍS NICOLETI DE CAMARGO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O texto apresenta um tom sensacionalista que poderia -e deveria- ser substituído por um tom mais racional e, portanto, mais adequado à análise de um problema.
Enquanto carrega nas tintas para pintar o quadro da violência no país, o autor do texto economiza na argumentação. Ao indagar quem é o "culpado" dessa situação, assume a crença em uma perspectiva individualista; entende a sociedade como um conjunto de indivíduos egoístas e gananciosos, cujas falhas de caráter são responsáveis pelo caos em que se encontra o país.
Coerente com essa linha de raciocínio, entende que a solução para o problema passa pelo indivíduo. Falta à sociedade um "salvador da pátria", um indivíduo que, por suas características pessoais, seja capaz de resolver a situação.
O ideal seria analisar as causas do problema, em vez de procurar um culpado. O discurso desenvolvido tenta persuadir por meio da eloqüência das imagens, mas não resiste a uma análise racional. Peca pelo simplismo ao deixar de levar em consideração muitos elementos pertinentes à questão.
Para defender um ponto de vista, é preciso fundamentá-lo. A opinião, que é livre, deve ser construída com argumentos. Hoje vários exames vestibulares incluem coletâneas de textos com diferentes pontos de vista sobre o mesmo tema a fim de que o estudante tenha condições de raciocinar e eleger argumentos com os quais possa construir um texto coerente.


Thaís Nicoleti de Camargo é consultora de língua portuguesa da Folha


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