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REDAÇÃO DO LEITOR
Retórica tenta disfarçar simplismo do raciocínio
THAÍS NICOLETI DE CAMARGO
ESPECIAL PARA A FOLHA
O texto apresenta um tom
sensacionalista que poderia
-e deveria- ser substituído
por um tom mais racional e,
portanto, mais adequado à
análise de um problema.
Enquanto carrega nas tintas
para pintar o quadro da violência no país, o autor do texto
economiza na argumentação.
Ao indagar quem é o "culpado" dessa situação, assume a
crença em uma perspectiva individualista; entende a sociedade como um conjunto de indivíduos egoístas e gananciosos,
cujas falhas de caráter são responsáveis pelo caos em que se
encontra o país.
Coerente com essa linha de
raciocínio, entende que a solução para o problema passa pelo
indivíduo. Falta à sociedade
um "salvador da pátria", um
indivíduo que, por suas características pessoais, seja capaz
de resolver a situação.
O ideal seria analisar as causas do problema, em vez de
procurar um culpado. O discurso desenvolvido tenta persuadir por meio da eloqüência
das imagens, mas não resiste a
uma análise racional. Peca pelo
simplismo ao deixar de levar
em consideração muitos elementos pertinentes à questão.
Para defender um ponto de vista, é preciso fundamentá-lo.
A opinião, que é livre, deve ser
construída com argumentos.
Hoje vários exames vestibulares incluem coletâneas de textos com diferentes pontos de vista sobre o mesmo tema a fim de que o estudante tenha condições de raciocinar e eleger argumentos com os quais possa construir um texto coerente.
Thaís Nicoleti de Camargo é consultora de língua portuguesa da Folha
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