São Paulo, quinta-feira, 18 de julho de 2002
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REDAÇÃO DO LEITOR

Argumentação confusa pode prejudicar eficácia do texto

THAÍS NICOLETI DE CAMARGO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Ao apresentar a discussão, o candidato apenas constata que o tema da diversidade sexual, embora seja polêmico, tem estado presente na mídia ultimamente. Usa uma interrogação direta como meio de alavancar o debate, o que é válido, embora dê ao texto certo tom escolar.
É importante que a redação não pareça o resultado de uma tarefa escolar da qual o estudante apenas se desvencilhou. O ideal é demonstrar envolvimento na questão tratada, preocupação com o assunto em pauta, ou seja, uma opinião formada sobre o tema.
O desenvolvimento do texto começa com uma referência a pesquisas feitas por ONGs, segundo as quais o Brasil seria um "campeão mundial de crimes contra homossexuais". O redator cita de modo impreciso as tais pesquisas (não diz quem as fez, quando foram realizadas e a que resultado chegaram) para, logo em seguida, desacreditá-las, afirmando não haver nenhum levantamento oficial. Enfim, o parágrafo é confuso e o raciocínio não leva a lugar algum. É como se o autor do texto usasse argumentos em que nem mesmo ele acredita ou, por outro lado, tentasse manipular informações para validar as suas próprias opiniões. Desnecessário dizer que esse tipo de "argumento" antes atrapalha que ajuda.
Apesar do desenvolvimento um pouco acanhado, o texto caminha com certa desenvoltura rumo à conclusão. E nesta fica claro o posicionamento do autor quanto à importância da tomada de consciência da questão como principal arma no combate ao preconceito.


Thaís Nicoleti de Camargo é consultora de língua portuguesa da Folha


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