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REDAÇÃO DO LEITOR
Argumentação confusa pode prejudicar eficácia do texto
THAÍS NICOLETI DE CAMARGO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Ao apresentar a discussão, o candidato apenas constata que o tema da diversidade sexual, embora seja polêmico, tem estado presente na mídia ultimamente. Usa uma interrogação direta como meio de alavancar o debate, o que é válido, embora dê ao texto certo tom escolar.
É importante que a redação
não pareça o resultado de uma
tarefa escolar da qual o estudante apenas se desvencilhou.
O ideal é demonstrar envolvimento na questão tratada,
preocupação com o assunto
em pauta, ou seja, uma opinião
formada sobre o tema.
O desenvolvimento do texto
começa com uma referência a
pesquisas feitas por ONGs, segundo as quais o Brasil seria
um "campeão mundial de crimes contra homossexuais". O
redator cita de modo impreciso
as tais pesquisas (não diz quem
as fez, quando foram realizadas
e a que resultado chegaram)
para, logo em seguida, desacreditá-las, afirmando não haver
nenhum levantamento oficial.
Enfim, o parágrafo é confuso e
o raciocínio não leva a lugar algum. É como se o autor do texto usasse argumentos em que
nem mesmo ele acredita ou,
por outro lado, tentasse manipular informações para validar
as suas próprias opiniões. Desnecessário dizer que esse tipo
de "argumento" antes atrapalha que ajuda.
Apesar do desenvolvimento
um pouco acanhado, o texto
caminha com certa desenvoltura rumo à conclusão. E nesta
fica claro o posicionamento do
autor quanto à importância da
tomada de consciência da
questão como principal arma
no combate ao preconceito.
Thaís Nicoleti de Camargo é consultora de língua portuguesa da Folha
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