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ATUALIDADES
A política de Bush e a doutrina Truman
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Uma década após a derrocada da URSS, os Estados Unidos voltam a dividir o mundo entre o bem e o mal. Após os acontecimentos de 11 de setembro de 2001,
Bush, dirigindo-se aos americanos, sentenciou: "Todas as nações
têm uma decisão a tomar: ou vocês estão do nosso lado, ou estão
do lado dos terroristas".
Em 1947, o presidente dos EUA,
Harry Truman, dirigindo-se ao
Congresso, disse: "No presente
momento, praticamente todas as
nações devem escolher entre formas de vida alternativas (...). Uma
forma de vida é baseada na vontade da maioria e distingue-se por
instituições livres, governo representativo, eleições livres (...). Uma
segunda forma de vida é baseada
na vontade de uma minoria, imposta pela força à maioria. Recorre ao terror e à opressão (...)." Em
nome da proteção do mundo livre, surgia a doutrina Truman,
paradigma da política externa dos
EUA por quatro décadas.
Para proteger-se dos países que
formam o "eixo do mal", Bush decidiu criar o Departament of Homeland Security -ou Departamento de Segurança-, assim como Truman criou o Departamento de Defesa, em 1947, para enfrentar o perigo comunista.
Portanto, contra a ameaça terrorista, começa a surgir um esboço da "doutrina" Bush. Da ótica
de Washington, semelhante ao
que ocorreu durante a Guerra
Fria, o mundo se torna "bipolar".
Não mais sob o domínio de potências hegemônicas (EUA e
URSS), mas entre os que estão ao
lado da liberdade e os outros.
O pragmatismo da Casa Branca
parece seguir a lógica do período
anterior: um inimigo externo, a
hegemonia expressa na liderança
do mundo ocidental e o discurso
em defesa da liberdade. Como
afirmava Truman: "Os povos livres do mundo olham para nós
esperando apoio na manutenção
da sua liberdade". Bush complementa: "A América está liderando
o mundo civilizado numa titânica
luta contra o terror". Parece que já
vimos esse filme, não?
Roberto Candelori é coordenador da Cia de Ética, professor da Escola Móbile e do Objetivo (Americana)
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