São Paulo, quinta-feira, 18 de julho de 2002
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BIOLOGIA

As células-tronco e a clonagem terapêutica

JOSÉ VAGNER GOMES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Nos últimos anos, uma discussão vigente não apenas no meio científico mas em toda a sociedade é a utilidade da clonagem humana. O grande potencial dessa técnica não está na sua aplicação reprodutiva, mas no uso de células-tronco na clonagem terapêutica. A produção de tecidos humanos para autotransplantes ou medicina regenerativa é a grande expectativa neste século.
As células-tronco embrionárias obtidas de blastocistos são denominadas pluripotentes devido à capacidade de diferenciar-se em qualquer tipo de célula ou tecido humano. O grande desafio da medicina é conhecer os fatores de crescimento necessários para a construção de órgãos e tecidos in vitro: a bioengenharia. Esse conhecimento, porém, exige o sacrifício de blastocistos clonados -esse fator tem gerado discussões éticas. Para alguns, essas células são seres humanos em potencial. Do ponto de vista biológico, os blastocistos são apenas vida celular. Uma célula embrionária não é capaz de gerar um novo indivíduo, não sendo totipotente como o óvulo fertilizado.
Há também a possibilidade de utilizar células-tronco adultas, sobretudo da medula óssea, transpondo, assim, as barreiras ético-religiosas, que criticam o uso de células embrionárias.
Uma célula-tronco adulta (da medula óssea, da pele, do intestino, do cérebro etc.) é capaz de diferenciar-se em qualquer outro tipo de tecido, recuperando órgãos lesados ou tecidos.
Podemos imaginar um futuro no qual não haverá filas para transplantes nem busca por doadores compatíveis. Em vez de órgãos, serão transplantadas células do próprio paciente.
Cabe à sociedade definir o que é aceitável no uso de células-tronco para fins terapêuticos. A falta de ética está em impedir o progresso da ciência e o uso do conhecimento na melhoria da qualidade da vida humana.


José Vagner Gomes é biólogo formado pela UFSCar, professor do ensino médio e de cursos pré-vestibulares e ministra cursos de bioatualidades


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