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BIOLOGIA
As células-tronco e a clonagem terapêutica
JOSÉ VAGNER GOMES
ESPECIAL PARA A FOLHA
Nos últimos anos, uma discussão vigente não apenas no
meio científico mas em toda a sociedade é a utilidade da clonagem
humana. O grande potencial dessa técnica não está na sua aplicação reprodutiva, mas no uso de
células-tronco na clonagem terapêutica. A produção de tecidos
humanos para autotransplantes
ou medicina regenerativa é a
grande expectativa neste século.
As células-tronco embrionárias
obtidas de blastocistos são denominadas pluripotentes devido à
capacidade de diferenciar-se em
qualquer tipo de célula ou tecido
humano. O grande desafio da medicina é conhecer os fatores de
crescimento necessários para a
construção de órgãos e tecidos in
vitro: a bioengenharia. Esse conhecimento, porém, exige o sacrifício de blastocistos clonados
-esse fator tem gerado discussões éticas. Para alguns, essas células são seres humanos em potencial. Do ponto de vista biológico, os blastocistos são apenas vida
celular. Uma célula embrionária
não é capaz de gerar um novo indivíduo, não sendo totipotente
como o óvulo fertilizado.
Há também a possibilidade de
utilizar células-tronco adultas, sobretudo da medula óssea, transpondo, assim, as barreiras ético-religiosas, que criticam o uso de
células embrionárias.
Uma célula-tronco adulta (da
medula óssea, da pele, do intestino, do cérebro etc.) é capaz de diferenciar-se em qualquer outro tipo de tecido, recuperando órgãos
lesados ou tecidos.
Podemos imaginar um futuro
no qual não haverá filas para
transplantes nem busca por doadores compatíveis. Em vez de órgãos, serão transplantadas células
do próprio paciente.
Cabe à sociedade definir o que é
aceitável no uso de células-tronco
para fins terapêuticos. A falta de
ética está em impedir o progresso
da ciência e o uso do conhecimento na melhoria da qualidade da vida humana.
José Vagner Gomes é biólogo formado pela UFSCar, professor do ensino médio e de cursos pré-vestibulares e ministra cursos de bioatualidades
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