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FÍSICA
Voyager-1 dirige-se às estrelas
TARSO PAULO RODRIGUES
ESPECIAL PARA A FOLHA
A imprensa do mundo todo destacou que, em 6 de novembro,
a nave Voyager-1 conseguiu atingir os limites do Sistema Solar e
agora ruma às estrelas. Leva um
disco de cobre folheado a ouro
que contém várias informações
sobre a Terra, do canto de baleias
a vários estilos musicais, incluindo saudações em vários idiomas.
Acompanha um mapa interestelar que descreve a nossa posição
na galáxia para, quem sabe, "futuros contatos alienígenas"!
A missão Voyager foi planejada
na década de 60. Os cientistas perceberam que dali a dez anos haveria uma grande oportunidade de
enviar uma nave não-tripulada
aos quatro planetas gasosos: Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Devido a uma rara disposição de alinhamento, que somente ocorreria novamente dali a 175 anos, a
nave poderia saltar de um planeta
a outro, utilizando-se da ação dos
campos gravitacionais dos próprios planetas. Essa atração funcionaria como uma verdadeira
"catapulta gravitacional" sobre a
nave, lançando-a cada vez mais
longe e mais rápido, até conseguir
fazê-la escapar do Sistema Solar.
Em 1977, foram lançadas ao espaço duas sondas, a Voyager 1 e a
2, com diferença de apenas alguns
dias. Ambas, com cerca de 800 kg
de massa, tinham uma série de
equipamentos para estudar os
planetas, seus satélites e anéis, e o
meio interplanetário. Foram levadas câmeras fotográficas e de vídeo, sensores de detecção de partículas carregadas e espectrômetros ultravioleta e infravermelho,
que ajudaram na obtenção de dados como a temperatura e a composição da atmosfera dos astros.
Os vários sensores estudaram a
interação do "vento solar" com a
atmosfera dos planetas. Esse
"vento" sopra do Sol a uma velocidade que atinge 800 km/s e representa o fluxo de partículas elétricas ejetadas pela estrela em todas as direções do Sistema Solar.
Após 26 anos de viagem e 13 bilhões de quilômetros percorridos,
a sonda enviou sinais de que se
encontrava na fronteira de influência do Sol, onde o "vento solar" tem sua velocidade diminuída devido à radiação de outras estrelas. Os dados mostram que a
nave se afasta do Sol a 65 mil km/
h. Se considerarmos todas as condições favoráveis, a nave atingirá
o conjunto de estrelas mais próximas (Alfa Centauri) daqui a 70
mil anos. Vale lembrar que Alfa
Centauri é nosso "vizinho galáctico", pois está distante "apenas"
quatro anos-luz. Para atingir o
centro da galáxia, a nave terá de
percorrer mais 30 mil anos-luz!
Tarso Paulo Rodrigues é professor e
coordenador de física do Colégio Augusto Laranja
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