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      São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 2003
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FÍSICA

Voyager-1 dirige-se às estrelas

TARSO PAULO RODRIGUES
ESPECIAL PARA A FOLHA

A imprensa do mundo todo destacou que, em 6 de novembro, a nave Voyager-1 conseguiu atingir os limites do Sistema Solar e agora ruma às estrelas. Leva um disco de cobre folheado a ouro que contém várias informações sobre a Terra, do canto de baleias a vários estilos musicais, incluindo saudações em vários idiomas. Acompanha um mapa interestelar que descreve a nossa posição na galáxia para, quem sabe, "futuros contatos alienígenas"!
A missão Voyager foi planejada na década de 60. Os cientistas perceberam que dali a dez anos haveria uma grande oportunidade de enviar uma nave não-tripulada aos quatro planetas gasosos: Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Devido a uma rara disposição de alinhamento, que somente ocorreria novamente dali a 175 anos, a nave poderia saltar de um planeta a outro, utilizando-se da ação dos campos gravitacionais dos próprios planetas. Essa atração funcionaria como uma verdadeira "catapulta gravitacional" sobre a nave, lançando-a cada vez mais longe e mais rápido, até conseguir fazê-la escapar do Sistema Solar.
Em 1977, foram lançadas ao espaço duas sondas, a Voyager 1 e a 2, com diferença de apenas alguns dias. Ambas, com cerca de 800 kg de massa, tinham uma série de equipamentos para estudar os planetas, seus satélites e anéis, e o meio interplanetário. Foram levadas câmeras fotográficas e de vídeo, sensores de detecção de partículas carregadas e espectrômetros ultravioleta e infravermelho, que ajudaram na obtenção de dados como a temperatura e a composição da atmosfera dos astros.
Os vários sensores estudaram a interação do "vento solar" com a atmosfera dos planetas. Esse "vento" sopra do Sol a uma velocidade que atinge 800 km/s e representa o fluxo de partículas elétricas ejetadas pela estrela em todas as direções do Sistema Solar.
Após 26 anos de viagem e 13 bilhões de quilômetros percorridos, a sonda enviou sinais de que se encontrava na fronteira de influência do Sol, onde o "vento solar" tem sua velocidade diminuída devido à radiação de outras estrelas. Os dados mostram que a nave se afasta do Sol a 65 mil km/ h. Se considerarmos todas as condições favoráveis, a nave atingirá o conjunto de estrelas mais próximas (Alfa Centauri) daqui a 70 mil anos. Vale lembrar que Alfa Centauri é nosso "vizinho galáctico", pois está distante "apenas" quatro anos-luz. Para atingir o centro da galáxia, a nave terá de percorrer mais 30 mil anos-luz!


Tarso Paulo Rodrigues é professor e coordenador de física do Colégio Augusto Laranja


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