|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
HISTÓRIA
Construção da democracia
ROBERSON DE OLIVEIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA
Apesar de a democracia ter
surgido na Grécia há aproximadamente 2.500 anos, ela continua sendo um desafio para as
sociedades contemporâneas.
Quando surgiu, o ideal democrático estava associado ao dever do cidadão de participar da
vida política e da administração
da cidade. É importante notar
que, para os gregos, participar
da vida política não era considerado um direito, mas sim um
dever do cidadão. Apesar de a
democracia ateniense negar direitos de participação política
para as mulheres, os estrangeiros e os escravos, a sua construção consumiu décadas de feroz
luta política.
No caso de Atenas, desde o
seu surgimento, ela vinha sendo dominada por grupos aristocráticos, isto é, descendentes
dos primeiros grupos familiares que fundaram a cidade e
proprietários das terras mais
férteis. No decorrer do século 6
a.C., o poder aristocrático começou a ser questionado pelos
homens livres pobres, não-proprietários, e segmentos sociais
ligados ao comércio, que começou a se desenvolver.
Para enfrentar a crise social,
entraram em ação os legisladores, primeiro Dragon e depois
Solon, mas nenhum dos dois
conseguiu conter os conflitos.
Nessa ocasião, mais precisamente em 561 a.C., Psístrato,
apoiado pelas classes populares, tomou o poder em Atenas,
por meio da sua guarda pessoal,
e implantou um regime que ficou conhecido como tirania.
Ele permaneceu no poder
por, aproximadamente, 19
anos, realizando inúmeras reformas importantes, entre as
quais divisão das grandes propriedades, criação de uma justiça itinerante, apoio aos pequenos produtores agrícolas e
ao comércio de exportação.
Após sua morte, a elite aristocrática ateniense tentou voltar ao poder por meio de um
golpe de estado, mas, desta vez,
Clístenes mobilizou novamente as classes populares, impediu a volta dos aristocratas ao
poder e realizou reformas que
lançaram as bases do regime
democrático em Atenas.
Em síntese, a tirania realizou
o relevante papel de enfraquecer o poder aristocrático,
criando as condições para a
implantação da democracia
ateniense, que era o regime
do povo comum, em que todos
(homens livres) eram considerados aptos ao exercício da
política.
ROBERSON DE OLIVEIRA é professor e autor
de "História do Brasil: Análise e Reflexão" e "As
Rebeliões Regenciais" (Editora FTD). E-mail:
roberson.co@uol.com.br
Texto Anterior: Pré-vestibular: Cursinho gratuito abre inscrições em SP Próximo Texto: Atualidades: Yunus, o banqueiro dos pobres Índice
|