São Paulo, terça-feira, 19 de dezembro de 2006
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HISTÓRIA

Construção da democracia

ROBERSON DE OLIVEIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Apesar de a democracia ter surgido na Grécia há aproximadamente 2.500 anos, ela continua sendo um desafio para as sociedades contemporâneas. Quando surgiu, o ideal democrático estava associado ao dever do cidadão de participar da vida política e da administração da cidade. É importante notar que, para os gregos, participar da vida política não era considerado um direito, mas sim um dever do cidadão. Apesar de a democracia ateniense negar direitos de participação política para as mulheres, os estrangeiros e os escravos, a sua construção consumiu décadas de feroz luta política.
No caso de Atenas, desde o seu surgimento, ela vinha sendo dominada por grupos aristocráticos, isto é, descendentes dos primeiros grupos familiares que fundaram a cidade e proprietários das terras mais férteis. No decorrer do século 6 a.C., o poder aristocrático começou a ser questionado pelos homens livres pobres, não-proprietários, e segmentos sociais ligados ao comércio, que começou a se desenvolver.
Para enfrentar a crise social, entraram em ação os legisladores, primeiro Dragon e depois Solon, mas nenhum dos dois conseguiu conter os conflitos. Nessa ocasião, mais precisamente em 561 a.C., Psístrato, apoiado pelas classes populares, tomou o poder em Atenas, por meio da sua guarda pessoal, e implantou um regime que ficou conhecido como tirania.
Ele permaneceu no poder por, aproximadamente, 19 anos, realizando inúmeras reformas importantes, entre as quais divisão das grandes propriedades, criação de uma justiça itinerante, apoio aos pequenos produtores agrícolas e ao comércio de exportação.
Após sua morte, a elite aristocrática ateniense tentou voltar ao poder por meio de um golpe de estado, mas, desta vez, Clístenes mobilizou novamente as classes populares, impediu a volta dos aristocratas ao poder e realizou reformas que lançaram as bases do regime democrático em Atenas. Em síntese, a tirania realizou o relevante papel de enfraquecer o poder aristocrático, criando as condições para a implantação da democracia ateniense, que era o regime do povo comum, em que todos (homens livres) eram considerados aptos ao exercício da política.


ROBERSON DE OLIVEIRA é professor e autor de "História do Brasil: Análise e Reflexão" e "As Rebeliões Regenciais" (Editora FTD). E-mail: roberson.co@uol.com.br


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