ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Para alguns, o dirigente que transformou a União Soviética numa potência mundial, para outros, um dos maiores tiranos que a humanidade conheceu. O fato é que Josef Stálin se transformou numa referência histórica. Quando morreu, em 5 de março de 1953, era não apenas o vitorioso líder que derrotou os alemães na Segunda Guerra Mundial mas, principalmente, o grande comandante da superpotência soviética.
Com a morte de Vladimir Lênin, líder da Revolução Russa, em janeiro de 1924, Stálin assumiu o poder, após uma difícil batalha travada nos bastidores do partido. Ao anunciar o primeiro "Plano Qüinqüenal", implantou a coletivização na agricultura (1929-1933) e definiu metas para a industrialização. Aos poucos, transformou a URSS num país industrializado. Os custos da modernização foram altos. Sabe-se que mais de 5 milhões de vidas foram sacrificadas no campo, em nome da construção do socialismo.
Nos anos 30, a luta passou a ser contra os "inimigos do povo". Nesse período, Stálin e seus discípulos mataram milhares de opositores, dentro e fora do Partido Comunista. Conhecidos como processos de Moscou (1936-1938), os expurgos foram a marca do Estado totalitário stalinista.
Passados 50 anos de sua morte, Josef Stálin continua reverenciado. Seus inimigos lembram a repressão que causou a morte de cerca de 20 milhões de soviéticos. Seus admiradores destacam a astúcia política do ditador, que, menosprezado pelos seus adversários, conquistou o poder e os aniquilou. Já os pragmáticos preferem destacar que, com Stálin, a URSS superou o atraso e converteu-se numa nação moderna.
Uma coisa é certa: seus inimigos esperaram seu sepultamento para denunciá-lo. Nikita Kruschev, seu sucessor, ao discorrer sobre os crimes desse período no 20º Congresso do Partido Comunista em 1956, não poupou o "grande líder". Pudera, Stálin já não estava lá para se defender!