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Profissão permite "entrar no coração da empresa"
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma profissão aparentemente
sem sex appeal, sem charme
-porque ligada a uma noção antiga de "guarda-livros"-, mas
uma das poucas que permitem ao
profissional conhecer a fundo
uma grande quantidade de empresas e também de órgãos públicos. Essa é a opinião de Antoninho Marmo Trevisan, que completa neste ano o seu 30º aniversário de formatura em ciências contábeis e é fundador de uma das
maiores empresas de auditoria do
país e de uma faculdade.
"A contabilidade é a única profissão que permite entrar no coração das empresas. Para poder dar
um parecer, é preciso conhecer
todos os departamentos, o de
marketing, o de recursos humanos, o financeiro", disse ele.
Ele conta que, logo depois de se
formar na PUC-SP, foi fazer uma
auditoria na rodovia Transamazônica, então em construção, tendo de viajar até o local. "O trabalho do auditor não é apenas em
seu escritório. Cerca de 90% do
tempo é fora, na empresa que
contratou o serviço, verificando
se o que ela afirma em seu balanço
corresponde à verdade."
Segundo ele, uma das áreas que
vêm crescendo muito e em que
"praticamente não há desemprego" é a ligada à contabilidade pública. "É difícil encontrar gente especializada nisso e há uma procura muito grande", afirmou ele.
Com o fim da inflação e a democratização do país, os orçamentos
que anualmente têm de ser feitos
por prefeituras e governos estaduais passaram a "fazer mais sentido", segundo Trevisan. Além
disso, a Lei de Responsabilidade
Fiscal, criada em 2000, também
aumentou a demanda por contadores especializados, pois determina uma série de regras, como o
limite de gastos com pessoal e a
proibição de despesas maiores do
que a arrecadação.
Na área pública, Trevisan foi
responsável, com um grupo de
amigos de infância, por uma investigação nas contas da Prefeitura de Ribeirão Bonito (SP), onde
nasceu, que acabou resultando na
renúncia do prefeito. Utilizando
ferramentas da contabilidade, ele
fez uma auditoria nas contas da
prefeitura, descobrindo, entre outras coisas, que uma das empresas
fornecedoras não existia.
Além das mudanças tecnológicas, em 30 anos de trabalho ele assistiu a outras duas transformações na carreira. No período, o
contador foi muito valorizado no
Brasil. "O contador subiu nas empresas, hoje ele tem um status
muito maior do que antes." A outra mudança é mais cultural. "Antes, praticamente só havia homens na carreira, hoje já é quase
meio a meio."
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