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      São Paulo, quinta-feira, 21 de agosto de 2003
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Profissão permite "entrar no coração da empresa"

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma profissão aparentemente sem sex appeal, sem charme -porque ligada a uma noção antiga de "guarda-livros"-, mas uma das poucas que permitem ao profissional conhecer a fundo uma grande quantidade de empresas e também de órgãos públicos. Essa é a opinião de Antoninho Marmo Trevisan, que completa neste ano o seu 30º aniversário de formatura em ciências contábeis e é fundador de uma das maiores empresas de auditoria do país e de uma faculdade.
"A contabilidade é a única profissão que permite entrar no coração das empresas. Para poder dar um parecer, é preciso conhecer todos os departamentos, o de marketing, o de recursos humanos, o financeiro", disse ele.
Ele conta que, logo depois de se formar na PUC-SP, foi fazer uma auditoria na rodovia Transamazônica, então em construção, tendo de viajar até o local. "O trabalho do auditor não é apenas em seu escritório. Cerca de 90% do tempo é fora, na empresa que contratou o serviço, verificando se o que ela afirma em seu balanço corresponde à verdade."
Segundo ele, uma das áreas que vêm crescendo muito e em que "praticamente não há desemprego" é a ligada à contabilidade pública. "É difícil encontrar gente especializada nisso e há uma procura muito grande", afirmou ele.
Com o fim da inflação e a democratização do país, os orçamentos que anualmente têm de ser feitos por prefeituras e governos estaduais passaram a "fazer mais sentido", segundo Trevisan. Além disso, a Lei de Responsabilidade Fiscal, criada em 2000, também aumentou a demanda por contadores especializados, pois determina uma série de regras, como o limite de gastos com pessoal e a proibição de despesas maiores do que a arrecadação.
Na área pública, Trevisan foi responsável, com um grupo de amigos de infância, por uma investigação nas contas da Prefeitura de Ribeirão Bonito (SP), onde nasceu, que acabou resultando na renúncia do prefeito. Utilizando ferramentas da contabilidade, ele fez uma auditoria nas contas da prefeitura, descobrindo, entre outras coisas, que uma das empresas fornecedoras não existia.
Além das mudanças tecnológicas, em 30 anos de trabalho ele assistiu a outras duas transformações na carreira. No período, o contador foi muito valorizado no Brasil. "O contador subiu nas empresas, hoje ele tem um status muito maior do que antes." A outra mudança é mais cultural. "Antes, praticamente só havia homens na carreira, hoje já é quase meio a meio."


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