ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Wangari Maathai, ecologista queniana, tornou-se a primeira africana a ganhar o Prêmio Nobel da Paz. O Comitê do Nobel Norueguês, ao anunciar a vencedora de 2004, enalteceu sua "contribuição para o desenvolvimento sustentável, para a democracia e para a paz". Ela receberá um prêmio de US$ 1,36 milhão.
Bióloga de formação, Maathai, a aguerrida militante pela democratização do país, fundou nos anos 70 o Movimento do Cinturão Verde, que utilizou a mobilização em torno da plantação de árvores como estratégia de conscientização ambiental e política.
Seu movimento, implantado em outras nações, já plantou cerca de 30 milhões de árvores na África. Sua visão global do desenvolvimento sustentável abrange a democracia e o desenvolvimento do Quênia, o combate à pobreza, a luta pelos direitos humanos e pelos direitos da mulher.
Antes do prêmio de Maathai, o Quênia, país na costa oriental da África, havia ganhado destaque internacional devido ao atentado terrorista contra a Embaixada dos EUA, em 1998, que foi atribuído a grupos ligados à Al Qaeda.
O presidente Daniel Arap Moi, no poder desde 1978, tem sido acusado de ser um ditador e de manter-se no poder por meio de eleições fraudulentas. Recebe críticas também por submeter a economia às metas neoliberais impostas pelo FMI e pelo seu alinhamento aos EUA nos anos 90.
Num momento em que as atenções do planeta estão concentradas no perigo das ameaças terroristas ou nas trágicas imagens das guerras, a escolha para o Nobel da Paz da ministra do Ambiente do Quênia evidencia que o tema da preservação da natureza deve ocupar um lugar de destaque na agenda global. Segundo a presidente do comitê, Ole Danbolt Mjoes, foi dada "uma nova dimensão ao conceito de paz".