São Paulo, terça-feira, 21 de novembro de 2006
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QUÍMICA

Alumínio: um metal precioso

LUÍS FERNANDO PEREIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Para os convidados de honra, pratos e talheres de alumínio. Para os outros, os mais simples, feitos de ouro. Estranho? Pois era assim na corte de Napoleão 3º (1808-1873). No início do século 19, um quilo de alumínio podia custar o equivalente a 1.200 dólares! Então, por que hoje esse metal é tão barato?
O alumínio é o metal mais comum na crosta terrestre. No entanto, ele costuma estar combinado com o oxigênio (Al2O3) -na forma de bauxita, um minério. O problema é "descombinar" esses dois... Na época de Napoleão 3º, os químicos até que conseguiam fazê-lo, mas suas técnicas eram caríssimas.
Em 1854, o francês Henri Deville inovou, e o quilo do metal passou a custar "apenas" 330 dólares -mais caro que o ouro! Na Exposição de Paris, um ano depois, barras de alumínio foram exibidas como "jóias da coroa francesa". Adivinhe de que era feito o chocalho do filho de Napoleão 3º: alumínio! Mas o americano Charles Hall mudou essa história.
Ainda jovem, ele ouviu seu professor falar de um novo metal: leve, durável e caro! Uma grande fortuna aguardava aquele que barateasse sua obtenção. Empolgado com o discurso de seu mestre, Hall decidiu tentar obter o alumínio por eletrólise. Para isso, o Al2O3 deveria ser fundido; mas, como isso só acontece por volta de 2.000C, não era tão simples assim.
Se, pelo menos, ele conseguisse baixar o ponto de fusão... E conseguiu, usando a criolita, outro minério de alumínio que funde a uns 900C. Na criolita fundida, o Al2O3 podia ser dissolvido!
Em seguida, Hall passou pela mistura líquida -quentíssima!- uma corrente elétrica que forneceu os elétrons (e-) que "faltavam" ao alumínio (na bauxita, o alumínio apresenta-se oxidado, isto é, como íons Al3+). Veja o que aconteceu: Al3+ + 3 e-Al0.
Em 1886, Hall, aos 23 anos, conseguiu obter blocos de alumínio (Al0) do tamanho de bolas de gude. Alumínio barato! Poucos anos depois, chaleiras desse metal já estavam nas vitrines. Da nobre mesa de Napoleão 3º para chaleiras e simples latinhas de refrigerante. Quanta diferença!


LUÍS FERNANDO PEREIRA é químico formado pela USP. Leciona nos cursos Intergraus e Uno-sat/Ed.Moderna


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