|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
QUÍMICA
Alumínio: um metal precioso
LUÍS FERNANDO PEREIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA
Para os convidados de
honra, pratos e talheres de
alumínio. Para os outros, os
mais simples, feitos de ouro.
Estranho? Pois era assim na
corte de Napoleão 3º (1808-1873). No início do século 19,
um quilo de alumínio podia
custar o equivalente a 1.200
dólares! Então, por que hoje
esse metal é tão barato?
O alumínio é o metal mais
comum na crosta terrestre.
No entanto, ele costuma estar combinado com o oxigênio (Al2O3) -na forma de
bauxita, um minério. O problema é "descombinar" esses
dois... Na época de Napoleão
3º, os químicos até que conseguiam fazê-lo, mas suas
técnicas eram caríssimas.
Em 1854, o francês Henri
Deville inovou, e o quilo do
metal passou a custar "apenas" 330 dólares -mais caro
que o ouro! Na Exposição de
Paris, um ano depois, barras
de alumínio foram exibidas
como "jóias da coroa francesa". Adivinhe de que era feito
o chocalho do filho de Napoleão 3º: alumínio!
Mas o americano Charles
Hall mudou essa história.
Ainda jovem, ele ouviu seu
professor falar de um novo
metal: leve, durável e caro!
Uma grande fortuna aguardava aquele que barateasse
sua obtenção. Empolgado
com o discurso de seu mestre, Hall decidiu tentar obter
o alumínio por eletrólise. Para isso, o Al2O3 deveria ser
fundido; mas, como isso só
acontece por volta de
2.000C, não era tão simples
assim.
Se, pelo menos, ele conseguisse baixar o ponto de fusão... E conseguiu, usando a
criolita, outro minério de
alumínio que funde a uns
900C. Na criolita fundida, o
Al2O3 podia ser dissolvido!
Em seguida, Hall passou pela
mistura líquida -quentíssima!- uma corrente elétrica
que forneceu os elétrons (e-)
que "faltavam" ao alumínio
(na bauxita, o alumínio apresenta-se oxidado, isto é, como íons Al3+). Veja o que
aconteceu: Al3+ + 3 e-Al0.
Em 1886, Hall, aos 23 anos,
conseguiu obter blocos de
alumínio (Al0) do tamanho
de bolas de gude. Alumínio
barato! Poucos anos depois,
chaleiras desse metal já estavam nas vitrines.
Da nobre mesa de Napoleão 3º para chaleiras e simples latinhas de refrigerante.
Quanta diferença!
LUÍS FERNANDO PEREIRA é químico formado pela USP. Leciona nos cursos Intergraus e Uno-sat/Ed.Moderna
Texto Anterior: Vale a pena saber: Literatura: Reflexão sobre o fazer poético Próximo Texto: Geografia: Ranking feito pela ONU Índice
|