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MATEMÁTICA
O milenar problema do vinho
JOSÉ LUIZ PASTORE MELLO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Brincar com quebra-cabeças garante, além do divertimento,
um ótimo exercício para o raciocínio lógico. Veja se você consegue resolver este milenar problema sem o uso de raciocínio algébrico entediante.
Temos um copo de vinho (copo
1) ao lado de um copo de água
(copo 2). As quantidades dos dois
copos são idênticas. Transferimos
uma gota de vinho do copo 1 para
o 2. O líquido do copo 2 é misturado. Depois disso, retiramos uma
gota e a transferimos para o copo
1. Sabendo que ambas as gotas tinham o mesmo volume de líquido, pergunta-se: há mais ou menos água no copo 1 do que vinho
no copo 2?
A resposta pode surpreender alguns, mas faremos um esforço
para convencê-lo de que a quantidade de água no copo 1 é exatamente igual a de vinho no copo 2
(e vice-versa). Para o trabalho de
convencimento, vou apelar para a
explicação de um truque com cartas que segue o mesmo princípio
do problema do vinho. Pegue um
baralho com 26 cartas pretas e outro com 26 cartas vermelhas. Peça
a uma pessoa que retire um determinado número de cartas de um
monte e o embaralhe no outro.
Em seguida, peça que a pessoa devolva para o monte inicial o mesmo número de cartas, retirando-as do monte embaralhado. A mágica consiste em garantir que o
número de cartas pretas em um
dos montes é igual ao de cartas
vermelhas no outro.
Admita que a pessoa tenha inicialmente transferido cinco cartas
do monte de cartas pretas para o
de cartas vermelhas. Um dos
montes fica com 21 cartas pretas e
o outro com 26 vermelhas e cinco
pretas. Depois de embaralhadas
as cartas do monte maior, para as
cinco cartas retiradas desse monte, poderemos ter: 5p, 4p+1v,
3p+2v, 2p+3v, 1p+4v ou 5v. Em
qualquer um dos casos, se transferirmos as cinco cartas para o
monte de cartas pretas, o número
de cartas vermelhas de um monte
será igual ao de pretas do outro, e
vice-versa. O mesmo raciocínio se
aplica ao problema do vinho e da
água.
Que tal agora uma nova pergunta? A resposta do problema do
vinho mudaria ou não se tivéssemos inicialmente um copo com o
dobro de vinho em relação à
quantidade de água do outro
copo?
José Luiz Pastore Mello é professor da
Faculdade de Educação da Universidade
de São Paulo.
E-mail: jlpmello@uol.com.br
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