São Paulo, quarta-feira, 23 de junho de 2010
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Interpretação importa mais que temas específicos

Na 2ª fase da Unesp, porém, filosofia será exigida com mais profundidade

Silvia Zamboni/Folhapress
Alunos de história da arte do colégio Santo Américo

PATRÍCIA GOMES
DE SÃO PAULO

Nem a caverna de Platão nem a dialética de Marx. Vestibulares de SP têm incluído, aos poucos, filosofia nos seus editais, mas a maioria das provas não cobra o conteúdo clássico da matéria.
O mais importante é saber relacionar conhecimentos, interpretar fatos e argumentar de modo lógico, habilidades que a filosofia desperta. Em algumas universidades, porém, um conteúdo mais específico será pedido.
Quem tiver passado para a segunda fase do vestibular de inverno da Unesp precisará conhecer os principais filósofos e suas escolas. "O que distingue a primeira da segunda fase é a especificidade", afirma Tânia Cristina de Azevedo, diretora acadêmica da Vunesp (fundação responsável pelo vestibular da Unesp).
De acordo com a professora, embora estivessem previstas em edital desde o ano passado, foi só neste último exame que as questões de filosofia apareceram de fato. Na primeira fase, realizada no último dia 13, o candidato precisava interpretar textos de filósofos. Na segunda etapa, em 4 e 5 de julho, a exigência será mais profunda. A Unesp não cobra sociologia.
Na Unicamp, a cobrança de filosofia, sociologia e artes começa no vestibular a ser realizado no final do ano. Na primeira fase, em 21 de novembro, até 6 dos 48 testes serão destinados a essas disciplinas, segundo a Comvest, que organiza o exame.
Na segunda etapa, de 16 a 18 de janeiro, estarão presentes até duas questões discursivas das matérias. Renato Pedrosa, coordenador da Comvest, diz que a universidade será "bem conservadora" e privilegiará a interdisciplinaridade, "ao menos por enquanto".
"Devemos cobrar filosofia com história e sociologia com geografia", diz o professor, para quem a exigência de conteúdos específicos poderia prejudicar sobretudo alunos de escolas públicas.

ENEM
Assim como na Unicamp, também os candidatos de UFSCar, UFABC e Unifesp vão se deparar com questões de artes, filosofia e sociologia. Isso porque as três usam o Enem em seus vestibulares.
No exame nacional, conteúdos ligados a artes estão presente desde a sua concepção, em 1998. Mas foi a partir da reformulação do ano passado que o Enem passou a prever mais claramente a cobrança de temas relacionados a filosofia e sociologia. No exame de 2009, o trio sociologia, filosofia e artes apareceu de forma interdisciplinar, geralmente como pano de fundo nas questões.
A única pública de São Paulo que, até agora, não aderiu à tendência de incluir essas disciplinas em seu vestibular foi a USP. Entre as particulares, Mackenzie, Cásper Líbero e Direito GV cobram filosofia, sociologia e artes também de forma interdisciplinar. Na Belas Artes, o aluno precisa saber conteúdos específicos.
Já PUC-SP, FGV (administração e economia) e Insper não incluem essas disciplinas em suas provas.

Colaborou ANDRESSA TAFFAREL



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