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HISTÓRIA
A formação do Império Romano
CLAUDIO B. RECCO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Quem imaginaria que os antigos
romanos viessem a construir
um vasto império? Vivendo no século 5º a.C., um plebeu que participou das guerras locais pensava
apenas em defender a sua cidade e
as terras nas quais trabalhava. A
elite patrícia de Roma chamava
esse processo de "guerra defensiva", eufemismo que serviu para
justificar o início de uma política
agressiva aos povos que ameaçavam seus interesses, para desmobilizar a plebe e, ao mesmo tempo, fazê-la acreditar que lutava
por algo justo. A elite pretendia,
assim, conquistar novas terras.
Hoje percebemos que a plebe
lutou por uma cidade na qual não
exerceu direitos e por uma terra
que nunca chegou a ter. A península Itálica foi conquistada ao longo de dois séculos, e suas terras,
consideradas "públicas", ficaram
sob o controle dos patrícios.
A partir do século 3º a.C., ficou
claro o caráter expansionista das
guerras romanas. No sul da península, as cidades de origem grega foram derrotadas e conquistadas, ao mesmo tempo em que começavam as Guerras Púnicas
(contra os cartagineses). As terras
do sul e da Sicília eram as mais
férteis da península, e os cartagineses eram os grandes mercadores de todo o Mediterrâneo ocidental. Esses eram os principais
interesses econômicos romanos,
e detectá-los não nos parece muito difícil hoje em dia. Mas por que
a plebe participou e apoiou a política imperialista se não obteve benefícios?
Primeiro porque a elite romana
criara cisões na plebe, eliminando
gradualmente uma cultura "de
classe": havia uma pequena elite
plebéia ligada ao comércio e interessada na expansão, foram concedidos aos plebeus alguns direitos políticos -o que arrefeceu os
ânimos de parte deles- e milhares deles foram incorporados ao
Exército, perdendo, assim, os vínculos com o trabalho e as características de vida da plebe. Além
disso, o trabalho plebeu na agricultura, substituído pela produção dos territórios conquistados e
pelo desenvolvimento do escravismo, foi perdendo importância.
Aos poucos, os interesses da elite passam a ser encarados como
os interesses de todos. Dessa maneira, a maior parte da plebe foi
convencida de que a guerra era
justa e de que seus efeitos eram os
melhores que podiam ser obtidos.
Dica: Compare a situação da
plebe romana com a de outras
classes sociais majoritárias, em
outros momentos da história, que
incorporaram e defenderam o
discurso da elite.
Claudio B. Recco é professor de história, coordenador do site www.historianet.com.br e autor do livro "História em Manchete - O Início do Século".
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