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ATUALIDADES
Brasil comanda a missão de paz no Haiti
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Com cerca de 1.200 soldados, o
Brasil assumiu o comando da
missão de paz da ONU (Organização das Nações Unidas) no Haiti. Trata-se da primeira vez que o
país lidera uma força de paz da
ONU, que contará também com a
participação do Chile, da Argentina e do Uruguai.
A decisão do governo brasileiro
gerou uma série de protestos no
país. Setores da esquerda consideram-na uma forma de intervenção, já que o presidente Jean-Bertrand Aristide foi deposto pelos
EUA. Apesar das controvérsias, o
presidente Lula fez questão de
ressaltar a importância da missão:
trata-se da contribuição do Brasil
"para a paz no mundo".
Ex-colônia da França, o Haiti
tornou-se o primeiro Estado independente da América Latina ao
proclamar sua independência,
em 1803. Sua história está marcada por intermináveis crises políticas e sucessivos golpes de Estado.
No início do século 20, alegando
quebra de compromissos, os EUA
ocuparam militarmente a ilha e,
embora tenham oficialmente saído em 1934, jamais deixaram de
ingerir em assuntos internos.
François Duvalier, o Papa Doc,
assumiu a Presidência do Haiti
em 1957 -por meio de um golpe
militar e com o apoio dos EUA-
e instituiu uma das ditaduras
mais sangüinárias da América.
Criou uma força paramilitar
-os tonton-macoutes- para
neutralizar o poder do Exército e
reprimir com violência qualquer
oposição. Na década de 60, declarou-se presidente vitalício e comandou o país com violência até
a sua morte, em 1971. Seu sucessor, Jean Claude Duvalier, seu filho, o Baby Doc, assumiu o comando do país com apenas 19
anos. Denunciado internacionalmente devido às violações dos direitos humanos, tornou-se um
fardo para a Casa Branca. Deposto por uma insurreição popular
em 1986, asilou-se em Paris.
As eleições de 1990 conduziram
ao poder Jean-Bertrand Aristide,
eleito com 67% dos votos e o
apoio maciço da população pobre. Empenhado em mudar o
Haiti, investiu contra a corrupção,
o narcotráfico e a miséria. Mas o
jovem sacerdote frustrou as expectativas e foi deposto um ano
depois. Sob nova intervenção militar dos EUA, foi reconduzido ao
poder em 1993.
Aristide reassumiu a Presidência em 2001 num pleito boicotado
pelas oposições e em que apenas
30% dos eleitores votaram. Com o
mandato sob suspeita, viu sua popularidade desabar até ser deposto em fevereiro deste ano.
Roberto Candelori é professor do Colégio Móbile e do Objetivo.
E-mail: rcandelori@uol.com.br
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