São Paulo, quinta-feira, 24 de junho de 2004
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ATUALIDADES

Brasil comanda a missão de paz no Haiti

ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Com cerca de 1.200 soldados, o Brasil assumiu o comando da missão de paz da ONU (Organização das Nações Unidas) no Haiti. Trata-se da primeira vez que o país lidera uma força de paz da ONU, que contará também com a participação do Chile, da Argentina e do Uruguai.
A decisão do governo brasileiro gerou uma série de protestos no país. Setores da esquerda consideram-na uma forma de intervenção, já que o presidente Jean-Bertrand Aristide foi deposto pelos EUA. Apesar das controvérsias, o presidente Lula fez questão de ressaltar a importância da missão: trata-se da contribuição do Brasil "para a paz no mundo".
Ex-colônia da França, o Haiti tornou-se o primeiro Estado independente da América Latina ao proclamar sua independência, em 1803. Sua história está marcada por intermináveis crises políticas e sucessivos golpes de Estado. No início do século 20, alegando quebra de compromissos, os EUA ocuparam militarmente a ilha e, embora tenham oficialmente saído em 1934, jamais deixaram de ingerir em assuntos internos.
François Duvalier, o Papa Doc, assumiu a Presidência do Haiti em 1957 -por meio de um golpe militar e com o apoio dos EUA- e instituiu uma das ditaduras mais sangüinárias da América.
Criou uma força paramilitar -os tonton-macoutes- para neutralizar o poder do Exército e reprimir com violência qualquer oposição. Na década de 60, declarou-se presidente vitalício e comandou o país com violência até a sua morte, em 1971. Seu sucessor, Jean Claude Duvalier, seu filho, o Baby Doc, assumiu o comando do país com apenas 19 anos. Denunciado internacionalmente devido às violações dos direitos humanos, tornou-se um fardo para a Casa Branca. Deposto por uma insurreição popular em 1986, asilou-se em Paris.
As eleições de 1990 conduziram ao poder Jean-Bertrand Aristide, eleito com 67% dos votos e o apoio maciço da população pobre. Empenhado em mudar o Haiti, investiu contra a corrupção, o narcotráfico e a miséria. Mas o jovem sacerdote frustrou as expectativas e foi deposto um ano depois. Sob nova intervenção militar dos EUA, foi reconduzido ao poder em 1993.
Aristide reassumiu a Presidência em 2001 num pleito boicotado pelas oposições e em que apenas 30% dos eleitores votaram. Com o mandato sob suspeita, viu sua popularidade desabar até ser deposto em fevereiro deste ano.


Roberto Candelori é professor do Colégio Móbile e do Objetivo.
E-mail: rcandelori@uol.com.br


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