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QUÍMICA
O2 e H2O: uma dupla do barulho
LUÍS FERNANDO PEREIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA
Fim de férias. É hora de voltar
para casa. Novos passeios de bicicleta na praia vão ter de esperar
até janeiro. Isto é, se a ferrugem
deixar. Afinal, bicicleta parada na
praia é ferrugem na certa. Mas
por que?
Vamos entender como a ferrugem se forma. A primeira etapa
do processo corrosivo é a oxidação do ferro metálico a ferro II
(Fe0 Fe2+ + 2 elétrons). Como
para toda oxidação há uma redução, a pergunta é: quem está se reduzindo? Resposta: o oxigênio do
ar. Veja: O2 + 2 H2O + 4 elétrons
4 OH-. Nesse processo, a ajuda da
umidade do ar litorâneo é fundamental. O ambiente salino da
praia também facilita todas essas
trocas de elétrons. Assim, objetos
de ferro na praia enferrujam mesmo. Em uma única reação: 2 Fe +
O2 + 2 H2O 2 Fe(OH)2. Normalmente, o hidróxido de ferro II
(Fe(OH)2) ainda se transforma
em Fe(OH)3. Pronto, está formado aquele sólido alaranjado chamado ferrugem.
O grande problema da ferrugem é que ela não adere à superfície metálica do ferro. Na corrosão
do alumínio -um metal que tem
mais "vontade" de se oxidar (potencial de oxidação: +1,66V) do
que o ferro (+0,44V)-, forma-se
óxido de alumínio. Essa substância gruda na superfície do metal,
formando uma cobertura que
acaba protegendo as camadas internas do alumínio do ataque da
dupla O2/H2O. Por isso temos a
falsa impressão de que as panelas
desse metal não "enferrujam".
Com o ferro, não se forma essa
proteção. Pelo contrário, a ferrugem se solta, expondo mais da superfície metálica para o ataque
dessa dupla corrosiva.
E não é só o ferro que sofre com
esses dois. Até mesmo o cobre,
metal com baixa tendência em se
oxidar, não os agüenta. Veja o caso da estátua da Liberdade. Apesar de feita de cobre, sua coloração é esverdeada! Isso acontece
porque a famosa dupla, auxiliada
pelo gás carbônico do ar, oxida o
cobre a carbonato básico de cobre, o azinhavre, que é verde.
Depois de tanto trabalho e de
dinheiro gastos para transformar
os minérios principalmente os de
ferro em seus metais, vem essa
dupla e estraga tudo...
Calcula-se que 20% do ferro
metálico produzido no mundo
seja apenas para repor o que enferrujou! Será que não há algum
jeito de impedir que isso aconteça? Claro que sim. Mas, como o
espaço acabou, as soluções para
esse problema ficam para a próxima coluna. Até lá.
Luís Fernando Pereira é professor do
curso Intergraus e coordenador de química do sistema Uno/Moderna. E-mail:
lula5@ig.com.br
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