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CURSO TÉCNICO
Formação acelera entrada no mercado de trabalho
MUITOS ALUNOS OPTAM POR MODALIDADE PARA OBTER EMPREGO E DEPOIS BANCAR UMA FACULDADE
ANDRÉ NICOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os cursos técnicos, que até há alguns anos eram destinados
principalmente aos que entravam
no ensino médio, tornaram-se
uma opção para quem já completou essa etapa, mas não tem condições de fazer uma faculdade.
Desde 1997, o ensino técnico não
é mais vinculado ao médio.
Com isso o foco principal passou a ser os estudantes que já
completaram o ensino médio. No
tradicional Senai, por exemplo, só
se pode ingressar nos cursos técnicos após concluir o ensino médio. Já nas escolas ligadas ao Centro Paula Souza, de São Paulo,
ainda são aceitos os alunos a partir do segundo ano do ensino médio, mas os que já são formados
levam vantagem nos vestibulinhos: recebem 10% a mais na nota
final.
O perfil dos estudantes também
mudou. Segundo Nelson Kakuiti,
presidente da comissão executiva
do vestibulinho do Centro Paula
Souza, a média de idade passou de
17 para 27 anos, e a renda média é
menor do que antes. "Até 1998,
muita gente vinha para as escolas
técnicas estaduais para entrar na
USP, pois tínhamos um bom ensino acadêmico. Agora atendemos a uma clientela mais carente,
que precisa de qualificação profissional. Quem quer entrar na universidade e tem condições não
perde tempo no técnico, vai para
um cursinho", disse.
Mesmo assim, o técnico pode
ajudar o estudante a bancar uma
faculdade. "Há vários alunos que,
depois de estarem trabalhando,
continuam o estudo. O técnico
acaba viabilizando o primeiro
emprego, que viabiliza a universidade", disse Walter Vicioni, diretor técnico do Senai de São Paulo.
Conseguir uma profissão para
depois poder fazer uma faculdade
foi o que motivou Sônia Cristina
Neves, 28, a buscar primeiro um
curso de auxiliar de enfermagem
no hospital Sírio Libanês e, no começo de 2004, uma formação técnica na área. O sonho de cursar
medicina não poderia ser concretizado, quando resolveu voltar a
estudar, em 1998, após cinco anos
longe da escola, pois tinha de trabalhar para sustentar a família.
"Já que medicina não dava, resolvi começar por baixo", disse ela.
Com a mudança na legislação, o
curso de auxiliar de enfermagem
tornou-se o primeiro módulo do
curso técnico de enfermagem,
que dura em média dois anos.
Além do Sírio, outros hospitais de
São Paulo, como o Albert Einstein
e a Beneficência Portuguesa, também oferecem o curso.
Outro que escolheu o técnico
para poder cursar uma universidade foi Bruno Luis Ramos, 17,
que fez o curso de eletrônica no
Senai. Quando ele entrou, a instituição ainda permitia alunos sem
o ensino médio, mas já havia desvinculado as duas modalidades.
Ele representou o Brasil em sua
categoria no último WorldSkills
Competition, uma olimpíada internacional de cursos técnicos,
realizado na Suíça. Atualmente
ele faz estágio em programação de
chips de máquinas de automação
comercial, como as que lêem códigos de barras em livrarias.
Com o desenvolvimento da tecnologia, a imagem do técnico como um "peão com diploma" já
não corresponde à realidade. "O
técnico é o intermediário entre a
administração e o chão de fábrica
e pode chegar ao cargo de supervisor nas indústrias", disse Paulo
Armando Panunzio, diretor do
colégio técnico industrial de Guaratinguetá, ligado à Unesp.
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