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      São Paulo, quinta-feira, 25 de setembro de 2003
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Professora critica separação de ensinos

DA REPORTAGEM LOCAL

A desvinculação do ensino técnico do médio não trouxe benefícios aos trabalhadores, que deixaram de ter uma escola de qualidade, que permitia que se "apropriassem" dos conhecimentos. Essa é a opinião da professora da Faculdade de Educação da USP Carmen Sylvia Vidigal Moraes.
Para ela, a separação dos ensinos foi uma forma de baratear as escolas técnicas, que deixariam progressivamente de oferecer o ensino médio. Até então, os colégios técnicos eram famosos pela sua qualidade. Por isso vários estudantes de classe média iam para as escolas técnicas para se preparar para o vestibular. "Para baratear, eles retiraram o que era bom. Seria melhor generalizar aquela escola. E daí que os alunos entravam na USP?".
A desvinculação acabou, segundo ela, com os fundamentos teóricos que possibilitavam que os estudantes se "apropriassem" do conhecimento, ou seja, que não apenas conseguissem realizar certas tarefas, mas entendessem o que estava por trás delas. "O ensino foi instrumentalizado. O estudante não vai mais aprender os fundamentos de física que estão na base da eletrônica, por exemplo. Falar que já aprendeu isso no ensino médio, quando são conhecidos os problemas das escolas públicas, é complicado."
Segundo ela, outra conseqüência é a desvalorização do técnico, que acabaria sendo substituído nas empresas por tecnólogos de nível superior, o que não seria bom para nenhuma das categorias, já que implicaria, por exemplo, uma redução do salário de ambos.


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