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      São Paulo, quinta-feira, 25 de setembro de 2003
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CARREIRA/ZOOTECNIA

Cresce procura por pessoal qualificado na pecuária

Luiz Carlos Murauskas - 26.jun.2001/Folha Imagem
Bezerros em fazenda de SP; melhoramento de linhagem é tarefa do zootecnista


ATIVIDADE ENVOLVE DE SELEÇÃO GENÉTICA À FISCALIZAÇÃO DO PRODUTO COMERCIALIZADO

LUIS RENATO STRAUSS
DA REPORTAGEM LOCAL

A pecuária aumentou o seu destaque na economia nacional. No início dos anos 90, a produção de carnes ocupava a quarta colocação na pauta de exportações agropecuárias do Brasil. Hoje, assume o segundo lugar, com um crescimento nos últimos dez anos de 155% em vendas, um total de US$ 3,1 bilhões somente em 2002 -perdendo apenas para a soja, com vendas de US$ 6 bilhões no ano passado.
O aumento dos números no setor também se refletem no campo. Segundo Nelson Jorge de Moraes Matos, diretor do Instituto de Zootecnia da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), não há mais espaço para "brincar de fazendeiro". Ou seja, os produtores estão procurando auxílio técnico para melhorar o rendimento do rebanho.
Criado em meados da década de 60 como uma ramificação da veterinária e da engenharia agronômica, a zootecnia encaixa-se perfeitamente na atual exigência do mercado pecuário.
O profissional não terá a habilidade de tratar doenças dos animais, mas poderá desenvolver um trabalho de prevenção no rebanho. Na área de planejamento rural, diferentemente do agrônomo, terá especificidade na criação de animais.
Segundo Moraes Matos, um dos novos campos de atuação do profissional é o da produção dos chamados alimentos seguros. Esses alimentos, quando chegam à mesa do consumidor, estão livres de agentes, como os hormônios dados aos animais e os agrotóxicos.
Lidar com esses fatores na origem do produto, diz ele, com técnica e metodologia adequada, é mais barato para a indústria e exclui o risco de alguns produtos químicos não serem eliminados, por exemplo, na pasteurização.
Célia Regina Carrer, coordenadora do curso de zootecnia do campus de Pirassununga (SP) da USP, diz que o zootecnista deve estar preparado para estar em constante movimento, pois terá de visitar fazendas distantes ou acompanhar as "fronteiras da agropecuária". "As novas oportunidades de emprego estão no Centro-Oeste do país."
No entanto não é apenas no meio rural que o graduado pode encontrar o seu espaço. "Em uma rede de supermercados, pode avaliar a qualidade do produto que está sendo comprado pela empresa ou dar as coordenadas técnicas e assessorar o produtor para que ele entenda exatamente o que é exigido pelo cliente, como a quantidade de gordura da carne", afirma Regina Carrer. Também poderá atuar em áreas da indústria de rações ou em pesquisa.

A graduação
O curso de zootecnia tem duração de cinco anos -a concorrência no último vestibular foi de 10,42 candidatos/vaga no campus da USP de Pirassununga. No primeiro ano, terá disciplinas como bioquímica, genética básica, anatomia de animais domésticos, biofísica, física, matemática e morfologia vegetal.
Nos demais, estudará economia e administração rural, nutrição animal e matérias específicas sobre a criação de aves, de bois e de suínos. Disciplinas do trato de cavalos, de peixes, de abelhas, de bicho-da-seda e de rãs, por exemplo, podem ser obrigatórias ou optativas, dependendo do curso.
As criações de avestruzes e de javalis, carnes exóticas empregadas na culinária, também estão entrando no vocabulário do empresário agrícola.
Para quem pretende seguir a área de pesquisa, é imprescindível pensar em uma pós-graduação no setor. Já quem quer entrar na área de produção deve ficar atento às inovações no setor e freqüentar feiras e congressos.


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