São Paulo, terça-feira, 28 de agosto de 2007
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Vale a pena saber

ATUALIDADES


A renúncia de Tony Blair

ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Downing Street, número 10, a residência oficial do premiê britânico, já tem um novo hóspede, o ex-ministro da Economia, Gordon Brown. Tony Blair, líder do Partido Trabalhista, renunciou no final de junho, após uma década à frente do governo no Reino Unido.
Conhecido como um "radical de centro", Blair encerrou seu mandato num momento que sua popularidade declinava em razão dos equívocos da sua política externa, principalmente a ocupação militar do Iraque. Ao renunciar declarou: "Fiz o que achava que era certo para o país".
Líder carismático, hábil orador, Blair, que ascendeu ao posto de premiê em 1997, seduziu setores da classe média inglesa com um discurso identificado com a modernidade.
Considerado o pai do Novo Trabalhismo, Blair foi um crítico da herança neoliberal implantada durante o governo da Dama de Ferro, Margareth Thatcher (1979-1990), caracterizada pelo corte nos investimentos sociais, pela privatização e pela redução do poder do Estado.
Arquiteto da chamada Terceira Via, em oposição ao neoliberalismo, o premiê britânico retomou investimentos nas áreas de saúde, educação, transporte e segurança pública.
Houve crescimento econômico associado a baixos níveis de inflação e desemprego, o que garantiu a Blair três mandatos consecutivos com duas vitórias avassaladoras (em 1997 e em 2001) e uma maioria sustentável em 2005.
O maior senão da administração trabalhista de Blair foi sua política externa. O alinhamento incondicional ao presidente dos EUA, George W. Bush, e seu envolvimento na Guerra do Iraque (2003), sem autorização da ONU, representou um duro golpe na sua popularidade. Para seus críticos, esse alinhamento foi responsável pelos ataques terroristas que atingiram Londres em julho de 2005.
A consolidação do Acordo da Sexta-Feira Santa, assinado em 1998, entre católicos e protestantes na Irlanda do Norte, foi sua maior realização. Fato que o credenciou para um novo desafio, promover a paz entre palestinos e israelenses. Como representante do "Quarteto da Paz", a coalizão diplomática formada pela ONU, pela União Européia e pela Rússia, sob a coordenação dos EUA, Tony Blair assume essa nova missão decidido a converter em memória fracassada incursão nos domínios de Saddam Hussein.


Roberto Candelori é professor do Colégio Móbile.

rcandelori@uol.com.br


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