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Vale a pena saber
ATUALIDADES
A renúncia de Tony Blair
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Downing Street, número 10,
a residência oficial do premiê
britânico, já tem um novo hóspede, o ex-ministro da Economia, Gordon Brown. Tony
Blair, líder do Partido Trabalhista, renunciou no final de junho, após uma década à frente
do governo no Reino Unido.
Conhecido como um "radical
de centro", Blair encerrou seu
mandato num momento que
sua popularidade declinava em
razão dos equívocos da sua política externa, principalmente a
ocupação militar do Iraque. Ao
renunciar declarou: "Fiz o que
achava que era certo para o
país".
Líder carismático, hábil orador, Blair, que ascendeu ao posto de premiê em 1997, seduziu
setores da classe média inglesa
com um discurso identificado
com a modernidade.
Considerado o pai do Novo
Trabalhismo, Blair foi um crítico da herança neoliberal implantada durante o governo da
Dama de Ferro, Margareth
Thatcher (1979-1990), caracterizada pelo corte nos investimentos sociais, pela privatização e pela redução do poder do
Estado.
Arquiteto da chamada Terceira Via, em oposição ao neoliberalismo, o premiê britânico
retomou investimentos nas
áreas de saúde, educação,
transporte e segurança pública.
Houve crescimento econômico
associado a baixos níveis de inflação e desemprego, o que garantiu a Blair três mandatos
consecutivos com duas vitórias
avassaladoras (em 1997 e em
2001) e uma maioria sustentável em 2005.
O maior senão da administração trabalhista de Blair foi
sua política externa. O alinhamento incondicional ao presidente dos EUA, George W.
Bush, e seu envolvimento na
Guerra do Iraque (2003), sem
autorização da ONU, representou um duro golpe na sua popularidade. Para seus críticos,
esse alinhamento foi responsável pelos ataques terroristas
que atingiram Londres em julho de 2005.
A consolidação do Acordo da
Sexta-Feira Santa, assinado em
1998, entre católicos e protestantes na Irlanda do Norte, foi
sua maior realização. Fato que
o credenciou para um novo desafio, promover a paz entre palestinos e israelenses. Como
representante do "Quarteto da
Paz", a coalizão diplomática
formada pela ONU, pela União
Européia e pela Rússia, sob a
coordenação dos EUA, Tony
Blair assume essa nova missão
decidido a converter em memória fracassada incursão nos
domínios de Saddam Hussein.
Roberto Candelori é professor do Colégio
Móbile.
rcandelori@uol.com.br
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