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HISTÓRIA
O movimento de 1964 e as formas de resistência
ROBERSON DE OLIVEIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA
O movimento militar de 1964
encerrou um período de liberdade política como nunca havia
existido no Brasil até então. Nos
anos que se seguiram, as liberdades públicas foram eliminadas
progressivamente até que, em dezembro de 1968, o Executivo decretou o AI-5 e passou a concentrar poderes excepcionais, transformando o regime político praticamente numa ditadura, cuja fase
mais violenta e repressiva estendeu-se até 1974.
No decorrer do período, surgiram várias formas de resistência à
ação repressora do regime nos
planos político, sindical e cultural.
No plano político-parlamentar,
vários deputados e senadores perderam os seus mandatos por desferir críticas duras e corajosas ao
regime recém-instalado. Grupos
de oposição mais extremistas desistiram de combater o governo
por meio de palavras e resolveram
organizar movimentos guerrilheiros para tirar os militares do
poder pela força das armas.
O movimento operário também
tentou reagir às restrições das
ações sindicais e ao arrocho salarial imposto pelos militares por
meio de greves em 1968, em Osasco (SP) e em Contagem (MG).
No plano da cultura, foram inúmeras as manifestações de resistência. A primeira ocorreu em dezembro de 1964, com o "Opinião". Mistura de show musical e
teatro, por meio de denúncias e de
músicas de protesto, ele buscava
sensibilizar o público a se engajar
na luta contra o regime militar.
Os festivais da canção organizados pela TV Excelsior de São Paulo em 1965, em 1966, em 1967 e em
1968 foram uma grande oportunidade para que cantores e compositores manifestassem sua oposição ao regime militar devido ao
enorme alcance que essas apresentações tinham entre os jovens.
O ambiente político que vigorava no país na época exercia influência direta na preferência do
público e dos jurados. Isso ficou
evidente, por exemplo, em 1966,
com as músicas "A Banda", de
Chico Buarque, e "Disparada", de
Geraldo Vandré, e em 1968, com
"Sábia", de Chico Buarque e Tom
Jobim, e "Caminhando", também
de Geraldo Vandré.
Em graus diferenciados, de maneira explícita ou sutil, todas elas
criticavam aspectos do sistema
opressivo que imperava no país.
A preferência do público por músicas de protesto de conteúdo
mais explícito, como "Caminhando", deu origem a uma rica discussão cultural e estética.
Roberson de Oliveira é autor de "História do Brasil: Análise e Reflexão" e "As
Rebeliões Regenciais" (Editora FTD) e
professor no Colégio Rio Branco e na
Universidade Grande ABC. E-mail:
roberson.co@uol.com.br
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