|
Texto Anterior | Índice
ATUALIDADES
O MST e a "nova" reforma agrária
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
A revista inglesa "The Economist" destacou, ao comentar
uma publicação sobre o Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra, que o MST é "imprescindível para o projeto mais amplo de estabelecer a democracia e
a justiça no Brasil". Posição semelhante à de João Pedro Stedile, líder do MST, que, na revista "Caros Amigos", defendeu que, sem
um amplo programa de reforma
no campo, o Brasil não será de fato um país democrático.
Stedile propõe um novo modelo
de reforma agrária -que não seja
baseado na distribuição de terras,
em que os camponeses recebem
lotes individuais e cada família assentada busca recursos para produzir. Segundo ele, o atual desenvolvimento das forças produtivas
exige uma "reforma de novo tipo". "É preciso desenvolver núcleos urbanos", formar comunidades com várias famílias para
que se possa viabilizar uma infra-estrutura mínima e garantir o que
a cidade já possui: luz elétrica,
água potável, saúde e educação.
O segundo ponto desse modelo
é que o "agricultor não é mais
produtor de alimentos, ele produz matéria-prima para a indústria". Então é necessário oferecer
a esse produtor rural o benefício
da modernização, o que significa
levar a indústria para o campo. A
agroindústria criará novas oportunidades de emprego para os jovens, pois vai necessitar de mão-de-obra mais especializada.
Por último, é preciso pensar a
reforma agrária associada à educação. Somente com uma escola
de qualidade no meio rural será
possível pesquisar práticas alternativas para a adoção de um "pacote tecnológico que desenvolva e
fomente técnicas agrícolas adaptadas ao ambiente". A partir desse
novo modelo, desenvolveriam-se
novas práticas, reduzindo-se a
utilização de agrotóxicos -que
seriam substituídos por processos
menos agressivos ao ambiente.
Roberto Candelori é professor do Colégio Móbile e do Objetivo.
E-mail: rcandelori@uol.com.br
Texto Anterior: Biologia: A biologia forense e os crimes ambientais Índice
|