|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SAIBA MAIS
MATEMÁTICA
Por que existe ano bissexto?
JOSÉ LUIZ PASTORE MELLO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Sabe-se hoje que o período que a
Terra leva para completar uma
volta em torno do Sol, conhecido
como ano trópico, é de aproximadamente 365,242199 dias (365
dias, cinco horas, 48 minutos e 46
segundos). Podemos expressar a
parte decimal desse número com
diferentes somas e subtrações de
frações, uma delas sendo 1/4-1/
100+1/400-1/3.000+1/30.000-1/
1.000.000. Chamando essa soma
de S, veremos como ela está associada aos anos bissextos.
Se considerarmos cada ano do
calendário com exatos 365 dias,
estaremos cometendo um erro
anual de 0,242199 dia. Para reduzir esse erro, podemos acrescentar ao calendário um dia a cada
quatro anos, como sugere a fração
1/4 em S. Por esse ajuste considera-se cada ano com 365,25 dias, o
que implica um erro de 0,007801
dia por ano em relação ao ano trópico correto.
Se, além do acréscimo de um dia
a cada quatro anos, tirarmos um
dia a cada cem anos, como indica
a segunda fração de S, estaremos
assumindo um ano trópico de
365,24 dias, o que implica um erro
anual igual a 0,002199.
Além de somar um dia a cada
quatro anos e subtrair um dia a
cada cem anos, para diminuir ainda mais o erro, devemos somar
um dia a cada 400 anos, como indica a terceira fração de S. Esse último ajuste resulta em um ano
com 365,2425 dias, o que implica
erro de apenas 0,000301 dia por
ano, cerca de 26 segundos anuais.
A aproximação que descrevemos corresponde à atual estrutura de ajustes do nosso calendário,
que assume os anos com 365 dias,
exceto os bissextos, que têm 366.
Os anos bissextos são aqueles
divisíveis por quatro (o que garante que a cada quatro anos tenhamos um dia a mais), exceto
quando ele termina em 00 (essa
exceção garante que se subtraia
um ano a cada cem). No caso dos
anos terminados em 00, se eles forem múltiplo de 400, serão considerados bissextos, caso contrário,
serão um ano de 365 dias (esse último ajuste garante que seja somado um dia a cada 400 anos).
Ainda que sofisticado, o atual
método de ajustes do nosso calendário comete um erro da ordem
de 26 segundos anuais, ou seja,
cerca de um dia a cada 3.323 anos.
Você sabe qual o caminho para
melhorar ainda mais a precisão
do nosso calendário? Agora ficou
fácil: dos ajustes atuais devemos
ainda subtrair um dia a cada 3.000
anos, adicionar um dia a cada
30.000 anos e subtrair um dia a cada 1 milhão de anos, como indicam as três últimas frações de S.
José Luiz Pastore Mello é mestre em
ensino de matemática pela USP e professor do Colégio Santa Cruz.
E-mail: jlpmello@uol.com.br
Texto Anterior: Comunique-se Próximo Texto: Atualidades: O Brasil e a controvérsia nuclear Índice
|