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HISTÓRIA
Movimento operário na República Velha
ROBERSON DE OLIVEIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA
O Primeiro de Maio é uma data
de grande significado na história das lutas sociais em todo o
mundo. A data foi escolhida por
um congresso internacional de
trabalhadores, realizado em Paris
em 1889, para homenagear cinco
operários que participaram de
uma greve, em Chicago, nos EUA,
em 1886. Reivindicavam a redução da jornada de trabalho para
oito horas. Provas forjadas envolveram os operários num atentado, e eles foram julgados e condenados ao enforcamento.
No Brasil, as primeiras notícias
das lutas operárias remontam a
1858, quando tipógrafos do Rio de
Janeiro entraram em greve reivindicando aumento de salário. Nesses momentos iniciais da organização do movimento operário,
destacou-se a influência da ideologia anarquista, trazida ao Brasil
pelos trabalhadores imigrantes,
sobretudo italianos e espanhóis.
O anarquismo era um movimento revolucionário que propunha a extinção do Estado, a democracia direta, o fim da propriedade privada dos meios de produção e a igualdade social. Era contrário aos organismos de representação (Parlamento, partido) e
defendia a organização autônoma
dos trabalhadores em seus locais
de trabalho.
Sob a liderança dos anarquistas,
ocorreu a maior greve de que se
tem notícia na primeira metade
do século 20 no Brasil. A paralisação, iniciada em junho de 1917,
começou no setor têxtil, propagou-se rapidamente e atingiu a
área portuária e o interior, envolvendo cerca de 50 mil trabalhadores. As principais reivindicações
eram aumento de salários, proibição do trabalho infantil, jornada
de oito horas, garantia de emprego e direito de associação.
O governo reprimiu o movimento com todos os recursos de
que dispunha, mobilizando a polícia, tropas militares e até a Marinha de guerra, mas não foi bem-sucedido. Teve de negociar, e algumas das principais reivindicações foram atendidas.
A Revolução Russa, também
em 1917, aumentou o prestígio do
comunismo entre as classes trabalhadoras e, a partir de 1922,
com a fundação do Partido Comunista Brasileiro, os comunistas
passaram a disputar com os anarquistas a hegemonia sobre o movimento operário. Foi para combater a influência dessas ideologias de esquerda que Vargas traçou uma estratégia de cooptação
do movimento operário a partir
de 1930, com o trabalhismo. Mas
isso é assunto para um outro dia...
Roberson de Oliveira é autor de "História do Brasil: Análise e Reflexão" e "As
Rebeliões Regenciais" (Editora FTD) e
professor no Colégio Rio Branco e na
Universidade Grande ABC. Email:
roberson.co@uol.com.br
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