São Paulo, quinta-feira, 29 de julho de 2004
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FÍSICA

A poderosa energia nuclear: fissão e fusão

TARSO PAULO RODRIGUES
ESPECIAL PARA A FOLHA

A descoberta da radioatividade por Antoine-Henri Becquerel, físico francês, em 1896, confirmada pelo casal Curie (Pierre e Marie) alguns anos depois, fez os três serem laureados com o Prêmio Nobel de Física de 1903.
Os cientistas verificaram que todos os sais de urânio impressionavam chapas fotográficas envoltas em papel preto e concluíram que o responsável pelas emissões era o próprio urânio. A partir daí, os estudos se voltaram ao núcleo do átomo -a fonte dessa radiação.
A energia liberada nas transformações nucleares é realizada por meio de dois processos fundamentais: a fissão e a fusão nucleares. A fissão nuclear é a quebra de núcleos grandes em núcleos menores, e a fusão é a união de núcleos pequenos que formarão núcleos maiores. Um bom exemplo é a imensa energia que o Sol e outras estrelas liberam por meio da fusão de átomos de hidrogênio para formar um núcleo de hélio, mais estável. Esse processo pode liberar, por unidade de massa, energia até dez vezes maior que o de uma fissão nuclear, porém se torna de difícil execução, pois exige temperaturas altíssimas! Atualmente há vários tipos de fissão nuclear, sendo a da ruptura dos núcleos de átomos do urânio-235 a mais conhecida. Na reação, nêutrons bombardeiam os núcleos de urânio, que se rompem em núcleos menores e liberam outros nêutrons, que por sua vez poderão "quebrar" outros núcleos de urânio vizinhos, e assim sucessivamente, originando uma reação em cadeia. A energia proveniente dessa reação pode ser controlada e aproveitada, como em uma usina nuclear, gerando eletricidade, ou utilizada de forma destrutiva, para fins bélicos.
Em 6 de agosto de 1945, a humanidade testemunhou, pela primeira vez, a imensa capacidade destrutiva da energia contida nos núcleos atômicos. Naquela data, os americanos lançaram sobre a cidade de Hiroshima a primeira bomba atômica. Porções de urânio-235 foram reunidas por meio de um detonador que explodiu sobre a cidade, formando a "massa crítica" necessária para desencadear a reação em cadeia, com uma devastadora liberação de energia. Sua potência era de 20 quilotons, equivalente a 20 mil toneladas de TNT, o que foi "suficiente" para arrasar a cidade e matar 120 mil pessoas em poucas horas! Talvez por esse motivo Einstein afirmou: "Só existem duas coisas infinitas: o Universo e a estupidez humana. E eu não tenho certeza sobre a primeira".


Tarso Paulo Rodrigues é professor e coordenador de física do Colégio Augusto Laranja e da Nova Escola

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