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ATUALIDADES
Zimbábue confisca terras de fazendeiros brancos
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Localizado no sudeste da África, o Zimbábue do presidente Mugabe retorna ao noticiário devido à invasão de centenas de fazendas de proprietários brancos. Aqueles que se recusam a entregar suas terras são perseguidos, agredidos
e presos. Mais de uma dezena de fazendeiros já foram assassinados. Mugabe justifica-se afirmando que está devolvendo à população negra as terras roubadas de seus ancestrais pela elite branca.
A colônia britânica Rodésia do
Sul, atual Zimbábue, tornou-se
independente apenas em 1965.
Durante o processo de descolonização africana, rebelou-se contra
a metrópole, defendendo a manutenção do regime colonial. Ian
Smith, líder da minoria branca,
proclamou unilateralmente a
emancipação do país e instalou
um regime segregacionista. Na
época, a Rodésia possuía uma população de 4 milhões de nativos e
200 mil brancos.
No final dos anos 60, grupos rebeldes passaram a combater o regime. O atual presidente destacou-se nesse processo como líder
da resistência. Robert Gabriel
Mugabe, da União Nacional Africana do Zimbábue (Zanu), foi
considerado herói da guerra civil
que durou mais de dez anos e deixou um saldo de 30 mil mortos.
Em 1979, Mugabe e seus seguidores marxistas assinaram, o Acordo de Lancaster House, que deu
direito ao voto a toda a população
da Rodésia e garantiu as propriedades da minoria branca.
Em 1980, Mugabe ganhou as
eleições e mudou o nome do país
para Zimbábue. Prometendo
uma transição pacífica, alterou a
Constituição em 1987 para poder
se reeleger presidente, o que ocorreu em 1990 e em 1996. Em março
último, foi novamente reeleito em
meio a acusações de fraude eleitoral. Após 22 anos no poder, afirma estar fazendo justiça ao confiscar para reforma agrária as propriedades de 4.000 famílias brancas, que detêm cerca de 70% das
terras aráveis. Tudo indica que a
terra será distribuída -na lei ou
na marra.
Roberto Candelori é coordenador da Cia de Ética, professor da Escola Móbile e do Objetivo.
Email: rcandelori@uol.com.br
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