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ATUALIDADES
Os EUA e a nova Guerra do Golfo
ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA
O "tempo está se esgotando",
disse George W. Bush referindo-se às concessões que a Casa
Branca tem sido "obrigada" a fazer para legitimar a ação militar
contra Saddam Hussein. Irredutível, o presidente americano decidiu: atacará o Iraque até o final de
fevereiro. Para isso conta com o
apoio da Inglaterra, mas tem desconsiderado as ponderações da
ONU, a oposição do mundo árabe
e as pressões de países europeus.
Se considerarmos a capacidade
bélica dos contendores, o confronto será ainda mais desigual
do que foi durante a Guerra do
Golfo (1990-1991). Na ocasião, a
operação "Tempestade no Deserto" contou com uma força de 32
países sob a liderança dos EUA,
que bombardeou o Iraque ininterruptamente por seis semanas.
As forças aliadas despejaram 54
mil toneladas de explosivos. Toda
a infra-estrutura do país foi destruída em cerca de 29 mil incursões aéreas. Registrou-se um saldo de 100 mil mortos e 170 mil prisioneiros, mas as baixas americanas foram de 138 militares.
A ONU, que havia autorizado a
operação após a invasão do Kuait
pelo Iraque, estabeleceu um embargo econômico contra Bagdá,
obrigou o país a aceitar uma comissão de técnicos para fiscalizar
seu arsenal bélico e determinou
ainda a criação de duas "zonas de
exclusão" destinadas a proteger
xiitas e curdos.
Tudo indica que a operação
"Tempestade no Deserto 2" deverá defrontar-se com uma força
iraquiana ainda mais vulnerável
devido às sanções impostas pela
ONU desde 1991. Para os EUA, a
certeza da vitória, com a deposição de Hussein, exige um plano
de ocupação, que deverá acomodar os interesses do povo curdo,
que reivindica seu Estado, e dos
xiitas do sul, aliados do Irã. Ao
mesmo tempo, elaborar um cronograma para o estabelecimento
de um Estado democrático. E, segundo se prevê, terá que fazer tudo sozinho, se insistir em atacar o
Iraque sem o aval da ONU.
Roberto Candelori é coordenador da
Cia. de Ética, professor da Escola Móbile
e do Objetivo.
E-mail: rcandelori@uol.com.br
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