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      São Paulo, quinta-feira, 30 de janeiro de 2003
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ATUALIDADES

Os EUA e a nova Guerra do Golfo

ROBERTO CANDELORI
ESPECIAL PARA A FOLHA

O "tempo está se esgotando", disse George W. Bush referindo-se às concessões que a Casa Branca tem sido "obrigada" a fazer para legitimar a ação militar contra Saddam Hussein. Irredutível, o presidente americano decidiu: atacará o Iraque até o final de fevereiro. Para isso conta com o apoio da Inglaterra, mas tem desconsiderado as ponderações da ONU, a oposição do mundo árabe e as pressões de países europeus.
Se considerarmos a capacidade bélica dos contendores, o confronto será ainda mais desigual do que foi durante a Guerra do Golfo (1990-1991). Na ocasião, a operação "Tempestade no Deserto" contou com uma força de 32 países sob a liderança dos EUA, que bombardeou o Iraque ininterruptamente por seis semanas. As forças aliadas despejaram 54 mil toneladas de explosivos. Toda a infra-estrutura do país foi destruída em cerca de 29 mil incursões aéreas. Registrou-se um saldo de 100 mil mortos e 170 mil prisioneiros, mas as baixas americanas foram de 138 militares.
A ONU, que havia autorizado a operação após a invasão do Kuait pelo Iraque, estabeleceu um embargo econômico contra Bagdá, obrigou o país a aceitar uma comissão de técnicos para fiscalizar seu arsenal bélico e determinou ainda a criação de duas "zonas de exclusão" destinadas a proteger xiitas e curdos.
Tudo indica que a operação "Tempestade no Deserto 2" deverá defrontar-se com uma força iraquiana ainda mais vulnerável devido às sanções impostas pela ONU desde 1991. Para os EUA, a certeza da vitória, com a deposição de Hussein, exige um plano de ocupação, que deverá acomodar os interesses do povo curdo, que reivindica seu Estado, e dos xiitas do sul, aliados do Irã. Ao mesmo tempo, elaborar um cronograma para o estabelecimento de um Estado democrático. E, segundo se prevê, terá que fazer tudo sozinho, se insistir em atacar o Iraque sem o aval da ONU.


Roberto Candelori é coordenador da Cia. de Ética, professor da Escola Móbile e do Objetivo.
E-mail: rcandelori@uol.com.br


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