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NAMORO X VESTIBULAR
MANEIRA DE O VESTIBULANDO ENCARAR O NAMORO INFLUENCIA PREPARAÇÃO PARA O VESTIBULAR
Conciliar relacionamento com estudo requer boa distribuição do tempo
ANDRÉ NICOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Dispor de tempo é uma das coisas que um namoro mais exige e
uma das que o vestibulando menos tem. Para sair ou conversar ao
telefone, é preciso abrir mão de
horas que poderiam ser dedicadas ao estudo. A chave para conciliar o estudo com o namoro, segundo especialistas, é saber dosar
bem as atividades.
Por causa da falta de tempo, a
vestibulanda Nidhâna Claudino,
22, diz nem querer namorar.
"Que namorado iria entender o
fato de eu ter de ir ao cursinho em
um domingo para fazer um simulado? Nem sair à noite nós agüentamos por causa do cansaço", diz.
Diferentemente de Nidhâna, os
vestibulandos Fernando Moreno,
18, e Ana Paula de Miranda, 20,
que começaram a namorar há
apenas duas semanas, resolveram
enfrentar a falta de tempo estudando juntos todos os dias.
"Nós sabemos separar a hora de
estudar da hora de namorar. Um
até ajuda o outro quando tem dificuldade em alguma matéria", disse Ana Paula.
Segundo Miguel Perosa, professor de psicologia da adolescência
da PUC-SP, o auxílio na aprendizagem é um dos pontos positivos
de uma relação. "Tudo depende
de como o adolescente encara o
namoro, que pode influenciar positivamente ou negativamente os
estudos", disse .
O casal Yara Loira, 19, e Thiago
Guilhen, 19, apontam o apoio
emocional como outro fator positivo de um namoro em tempos de
cursinho. "Quando um dos dois
está mal ou fica nervoso por causa
de uma prova, o outro dá uma
força", disse Guilhen.
Além do tempo reservado para
estudar, o namoro pode reduzir
também o nível de concentração
na hora de repassar as matérias.
"O jovem, quando tem de estudar, pode ficar pensando na garota que vai encontrar à noite e,
quando chega ao encontro, ficar
pensando no que deixou de estudar", afirma o psicólogo Antonio
Carlos Amador Pereira. Segundo
ele, para resolver o problema, o
vestibulando deve manter o foco
de atenção no que estiver fazendo.
Para o professor de psicologia
Fernando Teixeira Filho, da
Unesp (Universidade Estadual
Paulista) de Assis, esse problema
só acontece quando a pessoa está
apaixonada. "A paixão afeta a
percepção das outras coisas do
mundo, e o vestibulando não vê
que está desviando parte de sua
energia para o relacionamento."
O começo de namoro -quando a vontade de ver o parceiro é
maior- e os possíveis momentos
turbulentos do relacionamento
são as fases em que o vestibulando fica mais suscetível às distrações durante o estudo.
"Em relações estabilizadas, isso
ocorre menos. No início, é preciso
um maior investimento de tempo
e de atenção e, quando se termina
o namoro, corre-se o risco de perder motivação e de até entrar em
depressão", disse o psicólogo da
USP Ailton Amélio da Silva. Ele
citou o caso de pacientes que, por
causa do fim de relacionamentos,
queriam desistir do vestibular.
"Nós começamos a discutir
muito e eu tinha de dividir meu
tempo e meus pensamentos entre
os estudos e as brigas com ele",
disse a vestibulanda Camila Prandini, 19, que terminou um relacionamento de um ano depois que o
namorado, que fazia cursinho
com ela, entrou na faculdade.
Segundo Camila, o namorado ia
sozinho a festas porque ela tinha
de estudar, o que gerava as discussões. Hoje, ela diz que não namorar é melhor para estudar.
"O casal deve fazer um esforço para não brigar. Geralmente uma
das partes tem mais autocontrole e deve abrandar as discussões",
disse Silva, autor do livro "O Mapa do Amor" (Editora Gente).
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