São Paulo, quinta-feira, 30 de maio de 2002
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NAMORO X VESTIBULAR

MANEIRA DE O VESTIBULANDO ENCARAR O NAMORO INFLUENCIA PREPARAÇÃO PARA O VESTIBULAR

Conciliar relacionamento com estudo requer boa distribuição do tempo

ANDRÉ NICOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Dispor de tempo é uma das coisas que um namoro mais exige e uma das que o vestibulando menos tem. Para sair ou conversar ao telefone, é preciso abrir mão de horas que poderiam ser dedicadas ao estudo. A chave para conciliar o estudo com o namoro, segundo especialistas, é saber dosar bem as atividades.
Por causa da falta de tempo, a vestibulanda Nidhâna Claudino, 22, diz nem querer namorar. "Que namorado iria entender o fato de eu ter de ir ao cursinho em um domingo para fazer um simulado? Nem sair à noite nós agüentamos por causa do cansaço", diz.
Diferentemente de Nidhâna, os vestibulandos Fernando Moreno, 18, e Ana Paula de Miranda, 20, que começaram a namorar há apenas duas semanas, resolveram enfrentar a falta de tempo estudando juntos todos os dias.
"Nós sabemos separar a hora de estudar da hora de namorar. Um até ajuda o outro quando tem dificuldade em alguma matéria", disse Ana Paula.
Segundo Miguel Perosa, professor de psicologia da adolescência da PUC-SP, o auxílio na aprendizagem é um dos pontos positivos de uma relação. "Tudo depende de como o adolescente encara o namoro, que pode influenciar positivamente ou negativamente os estudos", disse .
O casal Yara Loira, 19, e Thiago Guilhen, 19, apontam o apoio emocional como outro fator positivo de um namoro em tempos de cursinho. "Quando um dos dois está mal ou fica nervoso por causa de uma prova, o outro dá uma força", disse Guilhen.
Além do tempo reservado para estudar, o namoro pode reduzir também o nível de concentração na hora de repassar as matérias.
"O jovem, quando tem de estudar, pode ficar pensando na garota que vai encontrar à noite e, quando chega ao encontro, ficar pensando no que deixou de estudar", afirma o psicólogo Antonio Carlos Amador Pereira. Segundo ele, para resolver o problema, o vestibulando deve manter o foco de atenção no que estiver fazendo.
Para o professor de psicologia Fernando Teixeira Filho, da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Assis, esse problema só acontece quando a pessoa está apaixonada. "A paixão afeta a percepção das outras coisas do mundo, e o vestibulando não vê que está desviando parte de sua energia para o relacionamento."
O começo de namoro -quando a vontade de ver o parceiro é maior- e os possíveis momentos turbulentos do relacionamento são as fases em que o vestibulando fica mais suscetível às distrações durante o estudo.
"Em relações estabilizadas, isso ocorre menos. No início, é preciso um maior investimento de tempo e de atenção e, quando se termina o namoro, corre-se o risco de perder motivação e de até entrar em depressão", disse o psicólogo da USP Ailton Amélio da Silva. Ele citou o caso de pacientes que, por causa do fim de relacionamentos, queriam desistir do vestibular.
"Nós começamos a discutir muito e eu tinha de dividir meu tempo e meus pensamentos entre os estudos e as brigas com ele", disse a vestibulanda Camila Prandini, 19, que terminou um relacionamento de um ano depois que o namorado, que fazia cursinho com ela, entrou na faculdade.
Segundo Camila, o namorado ia sozinho a festas porque ela tinha de estudar, o que gerava as discussões. Hoje, ela diz que não namorar é melhor para estudar.
"O casal deve fazer um esforço para não brigar. Geralmente uma das partes tem mais autocontrole e deve abrandar as discussões", disse Silva, autor do livro "O Mapa do Amor" (Editora Gente).



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