São Paulo, quinta-feira, 30 de maio de 2002
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HISTÓRIA

O "ser moderno" na Europa moderna

CLAUDIO B. RECCO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Quando a Europa se tornou moderna? Enxergar a modernidade significa visualizar as mudanças que ocorreram na organização tanto estrutural como superestrutural da Europa ocidental por volta dos séculos 15 e 16.
Percebemos a modernidade quando entendemos o processo de expansão marítimo-comercial, iniciado por Portugal e seguido por outros países europeus, com o objetivo de conquistar novos mercados no Oriente e posteriormente no Ocidente. Nesse contexto, o rei é moderno, o absolutismo é moderno, a burguesia é moderna. A concepção de que o desenvolvimento do comércio será responsável pela superação da crise também é moderna. Difícil é compreender por que a nobreza e a Igreja Católica, elementos arcaicos, apoiaram o absolutismo e a própria expansão marítima. Sem dúvida, porque havia interesses particulares em jogo, mas eram interesses modernos?
O Estado moderno foi aquele que procurou harmonizar os interesses das elites, da burguesia, da nobreza e do clero. Todos esses interesses estavam, em maior ou em menor grau, comprometidos com o desenvolvimento do capitalismo, um novo sistema de exploração em que a camada camponesa -que representava cerca de 90% da sociedade- praticamente permaneceu na mesma situação de marginalidade.
Para justificar essa nova ordem, desenvolveram-se diversas teorias -desde a "razão de Estado", de Hobbes, e a "amoral" teoria de Maquiavel até a "vontade de Deus", do bispo Bossuet-, porém não apenas a teoria política mas também a ciência, a religião e a arte foram utilizadas como justificativa dessa nova ordem.
A modernidade é percebida nas obras de Michelangelo, com cores, formas e visão de mundo diferenciadas. Uma visão burguesa, urbana, profana, que valorizava o homem e a razão. Por muitos anos, o artista recebeu dos papas Julio 2, Leão 10 e Clemente 7 pagamento por suas obras. O Renascimento é a segunda forma importante de percebermos a modernidade e esteve associado diretamente à expansão marítima. Os velhos-novos valores passaram a ser usados para expressar uma visão moderna de mundo, individualista e racional, como bem atestam Lutero e Calvino, que iniciaram a adaptação do cristianismo a esse novo mundo.
Dica: perceba que, a partir do século 15, se notou com mais clareza as diferenças entre o velho e o novo sistema. Identifique os elementos que foram preservados.


Claudio B. Recco é professor do Curso Objetivo, coordenador do site www.historianet.com.br e autor do livro "História em Manchete - Na Virada do Século"


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