|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
HISTÓRIA
O "ser moderno" na Europa moderna
CLAUDIO B. RECCO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Quando a Europa se tornou moderna? Enxergar a modernidade significa visualizar as mudanças que ocorreram na organização tanto estrutural como superestrutural da Europa ocidental por volta dos séculos 15 e 16.
Percebemos a modernidade quando entendemos o processo de expansão marítimo-comercial, iniciado por Portugal e seguido por outros países europeus, com o objetivo de conquistar novos mercados no Oriente e posteriormente no Ocidente. Nesse contexto, o rei é moderno, o absolutismo
é moderno, a burguesia é moderna. A concepção de que o desenvolvimento do comércio será responsável pela superação da crise
também é moderna. Difícil é
compreender por que a nobreza e
a Igreja Católica, elementos arcaicos, apoiaram o absolutismo e a
própria expansão marítima. Sem
dúvida, porque havia interesses
particulares em jogo, mas eram
interesses modernos?
O Estado moderno foi aquele
que procurou harmonizar os interesses das elites, da burguesia, da
nobreza e do clero. Todos esses
interesses estavam, em maior ou
em menor grau, comprometidos
com o desenvolvimento do capitalismo, um novo sistema de exploração em que a camada camponesa -que representava cerca
de 90% da sociedade- praticamente permaneceu na mesma situação de marginalidade.
Para justificar essa nova ordem,
desenvolveram-se diversas teorias -desde a "razão de Estado",
de Hobbes, e a "amoral" teoria de
Maquiavel até a "vontade de
Deus", do bispo Bossuet-, porém não apenas a teoria política
mas também a ciência, a religião e
a arte foram utilizadas como justificativa dessa nova ordem.
A modernidade é percebida nas
obras de Michelangelo, com cores, formas e visão de mundo diferenciadas. Uma visão burguesa,
urbana, profana, que valorizava o
homem e a razão. Por muitos
anos, o artista recebeu dos papas
Julio 2, Leão 10 e Clemente 7 pagamento por suas obras. O Renascimento é a segunda forma importante de percebermos a modernidade e esteve associado diretamente à expansão marítima. Os
velhos-novos valores passaram a
ser usados para expressar uma visão moderna de mundo, individualista e racional, como bem
atestam Lutero e Calvino, que iniciaram a adaptação do cristianismo a esse novo mundo.
Dica: perceba que, a partir do
século 15, se notou com mais clareza as diferenças entre o velho e o
novo sistema. Identifique os elementos que foram preservados.
Claudio B. Recco é professor do Curso Objetivo, coordenador do site www.historianet.com.br e autor do livro "História em Manchete - Na Virada do Século"
Texto Anterior: Atualidades: Timor Leste é o mais novo país do mundo Próximo Texto: Carreira/Hotelaria e Turismo: Mercado é concorrido, mas há muitas opções de atuação Índice
|