São Paulo, quinta-feira, 30 de maio de 2002
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CARREIRA/HOTELARIA E TURISMO

ATRIBUIÇÕES INCLUEM TRABALHOS OPERACIONAIS E ATIVIDADES COMO PLANEJAMENTO TURÍSTICO

Mercado é concorrido, mas há muitas opções de atuação

Mauricio Piffer/Folha Imagem
ESTÁGIO EM HOTELARIA O estudante do quarto ano de turismo da USP Rafael Bertoncello, 21, que trabalha no Hotel Transamérica há seis meses

FÁBIO PORTO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Elaborar pacotes de viagens, organizar eventos, administrar empresas de transportes (aéreo, rodoviário e marítimo), planejar os impactos sociais, econômicos e ambientais da atividade turística e gerir empreendimentos de hotelaria e estabelecimentos da área de alimentação.
Todas essas atividades são atribuições do turismólogo, como é chamado o bacharel em turismo. A formação do profissional inclui vários campos do conhecimento, e a sua atuação ocorre em meio a profissionais de diversas áreas.
"O generalismo do profissional tem vantagens, como o conhecimento diversificado, mas também torna mais difícil saber sua identidade. O que se pode fazer para minimizar isso é cada curso enfocar uma determinada área", afirma Jorge Antonio Santos, professor da Universidade de Salvador e consultor em planejamento de turismo.
Mas nem só de profissionais com formação sofisticada vive o setor. Pesquisas de diversos órgãos de turismo revelam que o setor demanda mão-de-obra sobretudo para exercer atividades manuais em ocupações subalternas.
Esse é o contingente que seria prejudicado com a regulamentação da profissão. Segundo Marlene Matias, presidente da ABBTur (Associação Brasileira dos Bacharéis em Turismo), o projeto de regulamentação considera a forte presença de pessoas sem formação superior na área e discrimina as atividades para as quais seria exigido o diploma.
Sem a regulamentação e, conseqüentemente, sem piso salarial, o profissional sofre com baixos salários também pela grande oferta de profissionais formados no país. Desde 1995, o número de cursos de turismo explodiu. Dados do Censo da Educação Superior, realizado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), do Ministério da Educação, mostram que, em 1995, com 36 cursos de turismo e hotelaria, a área ocupava o 36º lugar no ranking do MEC de carreiras com mais cursos. Em 2000, a área de turismo e hotelaria passou para a 9ª posição, com 230 cursos reconhecidos pelo ministério, sendo 87 no Estado de São Paulo. O primeiro colocado em 2000 foi pedagogia, com 837 cursos.
"Hoje está havendo uma seleção natural do mercado em relação ao grande número de cursos. Um indicativo disso é que, no último vestibular, várias faculdades de baixa qualidade não conseguiram ocupar as vagas disponíveis em turismo", explica Marlene.
Os cursos da área ainda não foram avaliados pelo provão. A presidente da ABBTur prevê que a primeira avaliação ocorra em 2004. "A diversificação dos currículos e a falta de padronização dos cursos dificulta a aplicação do provão. O MEC estuda como avaliar cursos com propostas diferentes, como hotelaria e turismo."

Desconhecimento
O leque de possibilidades de atuação do profissional de turismo é ignorado pelos estudantes quando ingressam no curso. O recém-formado pela USP (Universidade de São Paulo) Glauber Santos, 21, trabalha como consultor em uma empresa de planejamento de turismo. "Hoje vejo possibilidades que não sabia que existiam". Parte do equívoco é achar que trabalhar com turismo significa estar sempre viajando. "Quem viaja é o guia. O resto trabalha normalmente."
A área de planejamento consiste em estudar detalhadamente uma região, a fim de levantar o seu potencial turístico e os efeitos econômicos, sociais e ambientais de empreendimentos na área.
O curso de turismo da USP tem forte enfoque em planejamento turístico e, apesar da difícil inserção no mercado, é uma área que exige um profissional com sólidos conhecimentos teóricos e atrai grande parte dos estudantes. "A maioria dos alunos sai do curso pretendo trabalhar com planejamento", afirma Gabriela Fagliari, 21, aluna de quarto ano da USP.
"É uma área de baixa absorção e difícil de atuar no início da carreira. Por isso, pretendo me especializar também em turismo do ambiente", afirma Gustavo Moura, 20, estudante da USP.
"A graduação é a introdução na área. Hoje o profissional não pode parar de estudar. Houve fases em que o mercado valorizava o profissional generalista e, em outros momentos, o especialista. Hoje é preciso saber um pouco de tudo, mas também saber um pouco mais de alguma coisa", afirma Fernando Kanni, professor da Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba) e consultor de planejamento turístico.



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