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      São Paulo, quinta-feira, 31 de julho de 2003
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INTERPRETAR É PRECISO

A COMPREENSÃO DE TEXTO É HOJE A COMPETÊNCIA MAIS COBRADA NOS VESTIBULARES

Resposta certa começa com boa leitura

Gustavo Roth/Folha Imagem
Karen Saori Shiraishi, 19, que diz ter melhorado a interpretação de textos desde o começo do ano, quando resolveu se dedicar mais a esse ponto


ANDRÉ NICOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto boa parte dos jovens que estão no fim do ensino médio é incapaz de entender o que lê, como mostram dados do MEC, a interpretação de texto é a habilidade mais cobrada nos vestibulares. E não apenas em português, mas em todas as matérias.
Perguntas que exigem somente a memória do candidato são cada vez mais raras e, em seu lugar, estão aparecendo as que utilizam trechos extraídos de livros, reportagens de jornais, tiras de quadrinhos e até mesmo propagandas. Segundo Marcelo Portella, professor de português e autor de "A Arte de Interpretar Textos", essa é a tendência de todos os processos seletivos, desde os vestibulinhos até os concursos públicos.
"A tendência é que o aluno seja avaliado pela sua capacidade de resolver problemas, e não pelo que decorou", disse ele, que estima que 80% das questões de provas de português sejam compostas de interpretação de textos.
O principal caminho para desenvolver a interpretação é o hábito da leitura. Quanto mais gêneros de texto -como os jornalísticos, os publicitários e os literários- o estudante estiver habituado a ler, melhor.
No momento da leitura, segundo Célia Passoni, coordenadora de português do Etapa, o aluno deve ficar atento a tudo o que é posto pelo autor, desde o título até os "meandros do texto". "Por que um escritor deu um certo título a um conto? Que estímulos ele dá para conduzir o leitor? O estudante tem de captar o que está nas linhas e, principalmente, o que está nas entrelinhas."
Ver as entrelinhas ou o que está implícito no texto é a principal dificuldade de Karen Saori Shiraishi, 19, que, desde o começo do ano, vem se empenhando em interpretação. Além das obras literárias obrigatórias, ela procura ler outros livros indicados pelos professores e faz exercícios de vestibulares passados. "O que vejo é o que está escrito, tenho dificuldade para entender as entrelinhas."
Apesar de ser difícil para ela interpretar textos mais longos, a estudante diz não ter problemas com enunciados de exatas, que, por sua vez, também exigem uma leitura cuidadosa.
Antes de entrar na parte de cálculo da resolução, o candidato tem de transformar em linguagem matemática o que é dito em português no enunciado. Se ele não entender em português, provavelmente vai "traduzir" errado.
"As questões do tipo "calcule", são raras. Os vestibulares têm proposto perguntas contextualizadas, em que é preciso analisar uma situação para depois resolver a questão", diz Maria Inez de Castro Cerullo, coordenadora de matemática do Cursinho da Poli.


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