São Paulo, quarta-feira, 01 de janeiro de 2003

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OUTRA FREQUÊNCIA

As histórias de Narciso Vernizzi, o "Homem do Tempo"

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Houve uma época em que só Narciso Vernizzi podia dizer se (provavelmente) iria ou não chover na festa do Réveillon.
Quando o estudo meteorológico ainda não era o grande negócio que é hoje, o "Homem do Tempo" foi criado. Sua primeira previsão foi ao ar no fim dos anos 60, num programa da rádio Panamericana (embrião da Jovem Pan).
Ele não lembra o dia, nem o ano ao certo. Só sabe que ia chover.
A partir daí, Vernizzi tornou-se uma grife que até hoje está no ar. Inaugurou esse tipo de serviço na TV -hoje dominado por mocinhas e mocinhos bonitos-, na Record. Seu programa começou em 1963 e durou 20 anos.
Ele nem quer saber do folclore que diz que, antigamente, o melhor era acreditar justamente no contrário do que informava a previsão do tempo. "Minhas previsões sempre foram corretas."
Mas a carreira do "Homem do Tempo" começou sob chuvas e trovoadas. Em 1946, quando apresentava bailes e peças de teatro, Vernizzi foi convidado para um teste na rádio Panamericana.
Não foi aprovado porque falava com a boca muito fechada e não pronunciava bem o nome das músicas em inglês. Teve que fazer um curso intensivo da língua (hoje, diz, fala três idiomas e "arranha" outros cinco) e só conseguiu a vaga em 1948. Na época, era árbitro de futebol amador e foi trabalhar com esportes, apresentando um programa sobre várzea.
Essas histórias e impagáveis declarações de Vernizzi fazem parte de "Jovem Pan - A Voz do Rádio" (RG Editores, www.rgeditores.com.br, 532 págs, R$ 48), lançado para comemorar os 60 anos da emissora.
O livro foi escrito por outra figura da história do rádio: Álvaro Alves de Faria. Há 22 anos na Pan, o jornalista já foi jardineiro, office-boy e operário em fábrica de caneta. Também escreve poemas.
"A Voz do Rádio" é boa opção de leitura para quem gosta do veículo, especialmente da Jovem Pan. Conta momentos interessantes da história da estação e de personagens que passaram por lá.
Outro ponto positivo é a entrevista com Antonio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha. O proprietário e diretor da Jovem Pan 2 FM faz uma análise sobre a crise da AM e o potencial da FM. Lembra de Djalma Jorge, seu famoso personagem humorístico dos anos 80, e comenta a importância do humor no rádio.
O ouvinte/leitor, no entanto, terá de relevar alguns problemas de "A Voz do Rádio". Dois básicos: 1) o livro tem textos que parecem publicidade da Pan; 2) escrever não costuma ser o forte de quem trabalha há anos só em rádio.

E-mail: laura@folhasp.com.br


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