|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
OUTRA FREQUÊNCIA
As histórias de Narciso Vernizzi, o "Homem do Tempo"
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Houve uma época em que
só Narciso Vernizzi podia
dizer se (provavelmente) iria ou
não chover na festa do Réveillon.
Quando o estudo meteorológico ainda não era o grande negócio
que é hoje, o "Homem do Tempo" foi criado. Sua primeira previsão foi ao ar no fim dos anos 60,
num programa da rádio Panamericana (embrião da Jovem Pan).
Ele não lembra o dia, nem o ano
ao certo. Só sabe que ia chover.
A partir daí, Vernizzi tornou-se
uma grife que até hoje está no ar.
Inaugurou esse tipo de serviço na
TV -hoje dominado por mocinhas e mocinhos bonitos-, na
Record. Seu programa começou
em 1963 e durou 20 anos.
Ele nem quer saber do folclore
que diz que, antigamente, o melhor era acreditar justamente no
contrário do que informava a previsão do tempo. "Minhas previsões sempre foram corretas."
Mas a carreira do "Homem do
Tempo" começou sob chuvas e
trovoadas. Em 1946, quando
apresentava bailes e peças de teatro, Vernizzi foi convidado para
um teste na rádio Panamericana.
Não foi aprovado porque falava
com a boca muito fechada e não
pronunciava bem o nome das
músicas em inglês. Teve que fazer
um curso intensivo da língua (hoje, diz, fala três idiomas e "arranha" outros cinco) e só conseguiu
a vaga em 1948. Na época, era árbitro de futebol amador e foi trabalhar com esportes, apresentando um programa sobre várzea.
Essas histórias e impagáveis declarações de Vernizzi fazem parte
de "Jovem Pan - A Voz do Rádio"
(RG Editores, www.rgeditores.com.br, 532 págs, R$
48), lançado para comemorar os
60 anos da emissora.
O livro foi escrito por outra figura da história do rádio: Álvaro Alves de Faria. Há 22 anos na Pan, o
jornalista já foi jardineiro, office-boy e operário em fábrica de caneta. Também escreve poemas.
"A Voz do Rádio" é boa opção
de leitura para quem gosta do veículo, especialmente da Jovem
Pan. Conta momentos interessantes da história da estação e de
personagens que passaram por lá.
Outro ponto positivo é a entrevista com Antonio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha.
O proprietário e diretor da Jovem
Pan 2 FM faz uma análise sobre a
crise da AM e o potencial da FM.
Lembra de Djalma Jorge, seu famoso personagem humorístico
dos anos 80, e comenta a importância do humor no rádio.
O ouvinte/leitor, no entanto, terá de relevar alguns problemas de
"A Voz do Rádio". Dois básicos:
1) o livro tem textos que parecem
publicidade da Pan; 2) escrever
não costuma ser o forte de quem
trabalha há anos só em rádio.
E-mail: laura@folhasp.com.br
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Música: 2002: ano em que o pop perdeu popularidade Índice
|