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MÚSICA
Especial remonta trajetória de Paschoal
RODRIGO RAINHO SILVA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
No universo da música, um velho ditado ensina aos novatos:
"Quem não sabe acompanhar
não sabe solar". Uma máxima
que o alagoano Hermeto Paschoal, 67, compreendeu e dissemina a seus discípulos até hoje. O
documentário inédito "Quebrando Tudo", o primeiro da TV Cultura em 2004, entrevista compositores da MPB, leva à tela o próprio
Paschoal, que fala sobre as raízes
de sua formação social e musical,
e faz uma análise da sua influência
na nova geração.
Muitos deles aparecem no filme
dando depoimentos. Imagens de
ferrovias e rodovias a rasgar cidades e campos surgem acompanhadas pela música frenética de
Hermeto -uma simbologia "do
bom bandeirante (o músico) e do
bom caminho percorrido" de um
alagoano que desbravou fronteiras e chegou ao rico cenário cultural do Rio nos anos 60.
Entre os diversos personagens
que falam de Paschoal, está o retórico Guinga: "Essa expressão
"quebra tudo", tão dita pelos músicos hoje, faz parte do dicionário
da música popular brasileira.
Hermeto iniciou a estética do
"quebra tudo", que na verdade é o
contrário: é constrói tudo", diz.
Há minas de ouro nesse documentário, criação da produtora
independente Toscographics, do
Rio. O material de arquivo resgata
o Festival de Montreux (Suíça), de
79, turnês pela Europa, em 85, o
especial "Porcos e Flautas", de 72,
da Band, e até um show no parque
Ibirapuera, exibido pela Cultura
em 75. Cenas dos filmes "Hermeto Campeão", de Thomaz Farkas,
e "Pig Scramble", de Tim Geaney,
entre outros, também ilustram
"Quebra Tudo", que permite captar, além do som, seus discursos
poéticos e imprevisíveis.
Elis Regina (1945-82) endossa o
talento do alagoano, com seu carisma inesquecível e seus gestos
de carinho. É o que aparece na cena de arquivo mais comovente do
documentário. Ela canta a clássica
"Asa Branca", sorrindo como
uma criança. Para Hermeto.
QUEBRANDO TUDO. Quando: amanhã,
à 0h10, na Cultura.
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