São Paulo, terça-feira, 01 de janeiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Capitão Nascimento assombrou diretor

DA REPORTAGEM LOCAL

A popularidade do capitão Nascimento (Wagner Moura), o protagonista de "Tropa de Elite", de José Padilha, ganhou os contornos de uma sombra no trabalho do diretor e roteirista de "Meu Nome Não É Johnny", Mauro Lima.
"O capitão Nascimento virou herói de um pensamento deturpado da classe média de que traficante tem é que levar porrada da polícia. Como vou fazer o cara que acha que o capitão Nascimento está certo se identificar com a história do [traficante] João Guilherme [Estrella, protagonista de "Meu Nome Não É Johnny']", perguntou-se Lima. A resposta foi dar ao personagem Estrella (Selton Mello) um caráter "engraçado, carismático, bravateiro", de quem conquista pelo humor.
A solução pela veia cômica e a disposição firme de "não fazer um "drug movie'" não chega a ser, segundo Lima, sua adesão a uma fórmula de cinema. "As fórmulas são [feitas] para errar. De dez filmes que seguem fórmulas, em geral, um dá certo, um empata o jogo e os outros oito dão errado", afirma.
O diretor diz que seu objetivo é "deixar o cara da locadora sem saber onde colocar o filme". E brinca: "Espero que seja nos clássicos, entre "E o Vento Levou" e "Cidadão Kane'".
Se renega as fórmulas comerciais, Lima tampouco abraça a idéia do cinema autoral para poucos. "Às vezes o cara se acha cult porque ninguém vai ver o filme dele e não lhe ocorre que o filme é uma bosta", diz.
Ao filmar "Meu Nome Não É Johnny", Lima, 40, diz que procurou imaginar a história sendo contada pelo personagem a um grupo de amigos, num bar. O resultado saiu "cronológico, clássico", define, embora o filme lance mão de flashbacks.
"Meu Nome Não É Johnny" foi feito com R$ 5,5 milhões. A produtora Mariza Leão não reclama da falta de dinheiro, mas da dificuldade para reuni-lo.
"Vi que esse é um tema maldito", afirma Leão. "Para ser fácil captar no Brasil, a história tem que estar distante do eixo empresarial de quem decide."
São as áreas de marketing que comumente avaliam e aprovam (ou não) projetos de filmes nos quais as empresas aplicam parte de seu Imposto de Renda devido. A operação, de renúncia fiscal, é prevista nas leis de incentivo à cultura. (SILVANA ARANTES)


Texto Anterior: Crítica/cinema/"Meu Nome Não É Johnny": "Johnny" complementa "Tropa de Elite"
Próximo Texto: Festival Sundance trará histórias pessoais e tramas de sobrevivência
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.