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Capitão Nascimento assombrou diretor
DA REPORTAGEM LOCAL
A popularidade do capitão
Nascimento (Wagner Moura),
o protagonista de "Tropa de
Elite", de José Padilha, ganhou
os contornos de uma sombra
no trabalho do diretor e roteirista de "Meu Nome Não É
Johnny", Mauro Lima.
"O capitão Nascimento virou
herói de um pensamento deturpado da classe média de que
traficante tem é que levar porrada da polícia. Como vou fazer
o cara que acha que o capitão
Nascimento está certo se identificar com a história do [traficante] João Guilherme [Estrella, protagonista de "Meu Nome
Não É Johnny']", perguntou-se
Lima. A resposta foi dar ao personagem Estrella (Selton Mello) um caráter "engraçado, carismático, bravateiro", de quem
conquista pelo humor.
A solução pela veia cômica e a
disposição firme de "não fazer
um "drug movie'" não chega a
ser, segundo Lima, sua adesão a
uma fórmula de cinema. "As
fórmulas são [feitas] para errar.
De dez filmes que seguem fórmulas, em geral, um dá certo,
um empata o jogo e os outros
oito dão errado", afirma.
O diretor diz que seu objetivo
é "deixar o cara da locadora
sem saber onde colocar o filme". E brinca: "Espero que seja
nos clássicos, entre "E o Vento
Levou" e "Cidadão Kane'".
Se renega as fórmulas comerciais, Lima tampouco abraça a
idéia do cinema autoral para
poucos. "Às vezes o cara se acha
cult porque ninguém vai ver o
filme dele e não lhe ocorre que
o filme é uma bosta", diz.
Ao filmar "Meu Nome Não É
Johnny", Lima, 40, diz que procurou imaginar a história sendo contada pelo personagem a
um grupo de amigos, num bar.
O resultado saiu "cronológico,
clássico", define, embora o filme lance mão de flashbacks.
"Meu Nome Não É Johnny"
foi feito com R$ 5,5 milhões. A
produtora Mariza Leão não reclama da falta de dinheiro, mas
da dificuldade para reuni-lo.
"Vi que esse é um tema maldito", afirma Leão. "Para ser fácil captar no Brasil, a história
tem que estar distante do eixo
empresarial de quem decide."
São as áreas de marketing
que comumente avaliam e
aprovam (ou não) projetos de
filmes nos quais as empresas
aplicam parte de seu Imposto
de Renda devido. A operação,
de renúncia fiscal, é prevista
nas leis de incentivo à cultura.
(SILVANA ARANTES)
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