São Paulo, sexta-feira, 01 de fevereiro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CRÍTICA

Programa começa frio e artificial

ESTHER HAMBURGER
CRÍTICA DA FOLHA

"Big Brother Brasil" estreou batendo a audiência de "Casa dos Artistas". Dois capítulos depois é possível imaginar que a versão oficial do "reality show" holandês, que de 1999 até hoje foi produzido em 17 países, não obterá a mesma repercussão que o programa do SBT.
Para um formato que explora o potencial da conexão ao vivo, "Big Brother Brasil" começou frio. O programa foi ao ar na terça-feira com imagens captadas durante o dia e editadas.
Pedro Bial e Marisa Orth estavam no ar ao vivo, mas só nos últimos blocos estabeleceram interlocução com os 12 personagens.
Os apresentadores comentaram imagens que os telespectadores haviam acabado de assistir. Menções redundantes contribuíram para aumentar o artificialismo.
A primeira prova da maratona por "poder, fama e dinheiro" deveria gerar suspense para o dia seguinte, um clipe de dez minutos. A disputa se confundiu com comercial de carro, colocado no quintal da casa, em uma trama lenta, aparecendo como um gancho desprovido de interesse.
O programa aposta na baixaria discreta. Câmaras nos banheiros permitem que telespectadores acompanhem tudo o que lá se passa. Arroubos de indiscrição podem render manchete, mas estamos no país do Carnaval, onde eles correm o risco de aparecer apenas como coisa de mau gosto.
A promessa de repercussão nos meios de comunicação do grupo, em uma campanha multimídia que em outros países poderia ser condenada por lei, contribui para reforçar o clima de manipulação, que joga contra o improviso, que é o apelo principal do gênero.
"Big Brother Brasil" mostra o cansaço precoce da fórmula. "Reality shows" vêm dominando a cena televisiva nos últimos três anos no mundo. Por onde passam, geram polêmica. Seriam indiscretos, sensacionalistas, de mau gosto. Exibiriam imagens escatológicas, cenas de sexo ao vivo, estimulariam o voyeurismo, realizariam experimentos antiéticos com humanos.
Mas é possível pensar que o fascínio que o gênero inegavelmente produz esteja na promessa de conexão em rede, com a vantagem de incluir anônimos no mundo do espetáculo. Se a hipótese estiver correta, possibilitaria versões que se alimentassem da criatividade de participantes engajados em jogos enriquecedores.


Big Brother Brasil
 
Quando: hoje, na Globo, após "Quinto dos Infernos"; amanhã, depois de "Zorra Total"; domingo, depois do "Fantástico"; segunda, terça e quarta, depois de "O Clone"




Texto Anterior: Televisão: CD de "Big Brother" tem 3 músicas de "Casa"
Próximo Texto: Música/Lançamentos: -"Áfrico": Sergio Santos explora raiz musical negra
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.