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CRÍTICA
Programa começa frio e artificial
ESTHER HAMBURGER
CRÍTICA DA FOLHA
"Big Brother Brasil" estreou batendo a audiência
de "Casa dos Artistas". Dois capítulos depois é possível imaginar
que a versão oficial do "reality
show" holandês, que de 1999 até
hoje foi produzido em 17 países,
não obterá a mesma repercussão
que o programa do SBT.
Para um formato que explora o
potencial da conexão ao vivo,
"Big Brother Brasil" começou
frio. O programa foi ao ar na terça-feira com imagens captadas
durante o dia e editadas.
Pedro Bial e Marisa Orth estavam no ar ao vivo, mas só nos últimos blocos estabeleceram interlocução com os 12 personagens.
Os apresentadores comentaram
imagens que os telespectadores
haviam acabado de assistir. Menções redundantes contribuíram
para aumentar o artificialismo.
A primeira prova da maratona
por "poder, fama e dinheiro" deveria gerar suspense para o dia seguinte, um clipe de dez minutos.
A disputa se confundiu com comercial de carro, colocado no
quintal da casa, em uma trama
lenta, aparecendo como um gancho desprovido de interesse.
O programa aposta na baixaria
discreta. Câmaras nos banheiros
permitem que telespectadores
acompanhem tudo o que lá se
passa. Arroubos de indiscrição
podem render manchete, mas estamos no país do Carnaval, onde
eles correm o risco de aparecer
apenas como coisa de mau gosto.
A promessa de repercussão nos
meios de comunicação do grupo,
em uma campanha multimídia
que em outros países poderia ser
condenada por lei, contribui para
reforçar o clima de manipulação,
que joga contra o improviso, que
é o apelo principal do gênero.
"Big Brother Brasil" mostra o
cansaço precoce da fórmula.
"Reality shows" vêm dominando
a cena televisiva nos últimos três
anos no mundo. Por onde passam, geram polêmica. Seriam indiscretos, sensacionalistas, de
mau gosto. Exibiriam imagens escatológicas, cenas de sexo ao vivo,
estimulariam o voyeurismo, realizariam experimentos antiéticos
com humanos.
Mas é possível pensar que o fascínio que o gênero inegavelmente
produz esteja na promessa de conexão em rede, com a vantagem
de incluir anônimos no mundo
do espetáculo. Se a hipótese estiver correta, possibilitaria versões
que se alimentassem da criatividade de participantes engajados
em jogos enriquecedores.
Big Brother Brasil
Quando: hoje, na Globo, após "Quinto
dos Infernos"; amanhã, depois de "Zorra
Total"; domingo, depois do "Fantástico";
segunda, terça e quarta, depois de "O
Clone"
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