São Paulo, sexta-feira, 01 de fevereiro de 2002

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CRÍTICA

CD tem melodias irretocáveis

DA REDAÇÃO

Localizada em um ponto distante, no momento em que ritmos africanos e melodias européias passaram a produzir pororocas musicais em solo americano, a sonoridade de "Áfrico" tem um quê de nostalgia.
Mas, apesar disso, há um toque de ineditismo. E é aí que reside a grandiosidade da obra do violonista mineiro Sergio Santos. Ele mói, centrifuga e recicla bagaços musicais de priscas eras e extrai algo novo, significativo.
Em raras ocasiões anteriores, estilos musicais percussivos como jongo, maracatu e afoxé soaram tão melódicos. Parece um encontro improvável entre o lado mais harmônico do Clube da Esquina (Toninho Horta) com o Olodum.
Mas "Áfrico" consegue ser mais rico que isso, graças aos talentos camaleônicos de Santos.
Como cantor, lembra o lirismo incisivo de um Milton Nascimento, mas é capaz ainda de falsetes seguros e de passagens mais sincopadas com a garganta tingida de negro. Ao violão, é um criador de climas intuitivos, que salutarmente desrespeitam ditames dos manuais de harmonia musical.
Mas essas virtudes são apenas ferramentas na mão do compositor de melodias irretocáveis, a aptidão maior de Santos revelada no CD. Ele é o melhor e talvez único intérprete capaz de dar vida às idéias espalhadas pelo trabalho. (EDSON FRANCO)


Áfrico
    
Artista: Sergio Santos
Gravadora: Biscoito Fino
Quanto: R$ 25, em média




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