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CRÍTICA
CD tem melodias irretocáveis
DA REDAÇÃO
Localizada em um ponto
distante, no momento em
que ritmos africanos e melodias
européias passaram a produzir
pororocas musicais em solo americano, a sonoridade de "Áfrico"
tem um quê de nostalgia.
Mas, apesar disso, há um toque
de ineditismo. E é aí que reside a
grandiosidade da obra do violonista mineiro Sergio Santos. Ele
mói, centrifuga e recicla bagaços
musicais de priscas eras e extrai
algo novo, significativo.
Em raras ocasiões anteriores,
estilos musicais percussivos como
jongo, maracatu e afoxé soaram
tão melódicos. Parece um encontro improvável entre o lado mais
harmônico do Clube da Esquina
(Toninho Horta) com o Olodum.
Mas "Áfrico" consegue ser mais
rico que isso, graças aos talentos
camaleônicos de Santos.
Como cantor, lembra o lirismo
incisivo de um Milton Nascimento, mas é capaz ainda de falsetes
seguros e de passagens mais sincopadas com a garganta tingida
de negro. Ao violão, é um criador
de climas intuitivos, que salutarmente desrespeitam ditames dos
manuais de harmonia musical.
Mas essas virtudes são apenas
ferramentas na mão do compositor de melodias irretocáveis, a aptidão maior de Santos revelada no
CD. Ele é o melhor e talvez único
intérprete capaz de dar vida às
idéias espalhadas pelo trabalho.
(EDSON FRANCO)
Áfrico
Artista: Sergio Santos
Gravadora: Biscoito Fino
Quanto: R$ 25, em média
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