São Paulo, domingo, 01 de fevereiro de 2004

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FILMES

TV ABERTA

Trapaça move "A Montanha dos Sete Abutres"

Dumbo
SBT, 12h25.
   
EUA, 41. Direção: Ben Sharpsteen. Animação clássica sobre o elefante que é alvo de gozações em circo por ter longas orelhas. Mais tarde, ele ganhará a amizade de um ratinho e descobrirá que seu "defeito" tem suas vantagens: abanando-as, ele começa a voar.

Os Dois Ladrões
Cultura, 15h30.
  
Brasil, 60, 85 min. Direção: Carlos Manga. Com Oscarito, Cyll Farney. Mão Leve compõe com seu parceiro Jonjoca a dupla de ladrões que tira dos ricos para dar aos pobres. Grande momento: a cena em que Oscarito imita os gestos de Eva Todor, como se fosse seu espelho (cena roubada de "O Diabo a Quatro", mas nem por isso menos bem feita). P&B.

Rádio Flyer
Record, 18h.
   
(Radio Flyer). EUA, 92, 114 min. Direção: Richard Donner. Com Elijah Wood, Joseph Mazzello. Crianças que mudam com a mãe para a Califórnia, depois que ela se separa do marido, não conseguem se acostumar com a nova vida, nem com as crianças do local. Nem seu mundo de fantasia se mantém intacto, devido à interferência maligna do padrasto (Baldwin). Trabalho honesto.

Donnie Brasco
Bandeirantes, 20h30.
   
EUA, 97, 126 min. Direção: Mike Newell. Com Al Pacino, Johnny Depp. Donnie Brasco é o agente que ganha a confiança do mafioso Pacino e se introduz na Máfia. O filme é baseado em fatos ocorridos durante os anos 70, quando o FBI estava dando um aperto daqueles nos mafiosos, e tem um Pacino em dia de Dustin Hoffman, ou seja, superinterpretando seu personagem.

Mr. Nice Guy - Bom de Briga
SBT, 22h.
  
(Mr. Nice Guy). Hong Kong, 98, 88 min. Direção: Samo Hung Kam-Bo. Com Jackie Chan, Richard Norton. Cozinheiro recebe em suas mãos uma fita de vídeo que interessa a muita gente, e gente violenta. Como o cozinheiro é Jackie Chan, expert em artes marciais, ele está como peixe n'água. E tem em mãos uma receita adequada para suas aventuras.

Missão - Resgate Impossível
Globo, 23h45.
 
(Behind the Enemy Lines). EUA, 96, 90 min. Direção: Mark Griffiths. Com Thomas Ian Griffith, Chris Mulkey. CIA faz ex-marine voltar ao Vietnã, na tentativa de libertar companheiro que, no passado, em missão, ficou preso atrás da linha inimiga.

A Montanha dos Sete Abutres
Bandeirantes,0h.
    
(Big Carnival). EUA, 51, 112 min. Direção: Billy Wilder. Com Kirk Douglas, Jan Sterling. Repórter reduzido a trabalho num jornal do Novo México (ou seja, bem periférico) tem nas mãos o caso de um trabalhador preso no desabamento de uma mina. Para que o caso renda o bastante para ele voltar a um grande jornal, ele levará às últimas conseqüências a arte da trapaça. Um bom Billy Wilder (não um dos maiores). Ainda assim, destaca-se. P&B.

Nosso Tipo de Mulher
Globo, 2h15.
  
(She's the One). EUA, 96, 96 min. Direção: Edward Burns. Com Jennifer Aniston, Edward Burns. Primeiro filme de Burns após a bem-sucedida estréia em "Os Irmãos McMullen". Aqui, dois irmãos, um taxista e um executivo, envolvem-se em complicações amorosas: o primeiro, com uma garota prestes a voar para Paris; o segundo, com uma que já foi noiva do irmão e agora está casada. (IA)

TV PAGA

"Vinhas da Ira" supera pobreza da América

INÁCIO ARAUJO
CRITICO DA FOLHA

Aquele caminhãozinho de "As Vinhas da Ira" é inútil tentar reproduzi-lo, imitá-lo, contestá-lo. Ele é único. Ele balança pelas estradas, carregando a família do fazendeiro falido, mais as poucas posses que sobraram.
Estamos na Depressão que, nos anos 30, sucedeu o crack da Bolsa. Como aqui, todo mundo se deu mal, só os bancos se deram bem (a diferença é que aqui a coisa é permanente): executaram as hipotecas e deixaram o país na mão.
O filme é de 1940, o governo Franklin Roosevelt estava implantado há anos, a guerra estava para estourar e a Depressão finalmente parecia debelada.
Ainda assim, pode-se dizer que John Ford lidava com a atualidade. Hoje virou história, mas era o dia-a-dia. E Ford tinha uma ética humanista precisa: era contra os bancos e banqueiros e a favor dos homens simples. Basta ver "No Tempo das Diligências": o escroque é o banqueiro. E o que aconteceu quando resolveu abrir sua própria produtora e ter o controle sobre seus filmes: logo descobriu que o controle dos produtores não era grande coisa, pois submetido ao dos banqueiros de Nova York. Então, fechou a produtora e voltou a trabalhar como empregado, o mesmo espírito independente de antes.
O rosto dos banqueiros jamais inspiraria John Ford. O dos pobres da Depressão, sim: essa gente é que faz a América ser a América, não os ricaços, não os aproveitadores. Dessa convicção nasce a força singular do caminhãozinho (caminhão humanizado, pois tem a feição e as dores de seus donos).
Poderia ser detestável, mas não é. Quando vemos imagens da gente da Depressão (Lars von Trier as usa em "Dogville"), elas não são mais verdadeiras que os seres de ficção de John Ford. Ou antes, os seres de ficção de John Ford não são menos verdadeiros que o registro documental. Não são arte. De certa forma estão além da arte.


AS VINHAS DA IRA. Quando: hoje, às 22h, no Telecine Classic.


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