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CRÍTICA
Verão com chuva frustra programação
BIA ABRAMO
COLUNISTA DA FOLHA
Pena que são Pedro não tenha colaborado muito com
as emissoras da TV neste ano. As
agências de publicidade fizeram
suas propagandas cheias de gente pelada na praia, a Record, a
Bandeirantes e a MTV adaptaram suas programações para
transmitir do litoral, e, nada, o
verão não veio.
Pelo menos até agora, a atmosfera de alegria solar e desregramento dos sentidos só está na TV
-chove no Brasil inteiro e, em
São Paulo, chegou a fazer frio em
janeiro. É um azar fortuito, por
certo, mas que pode servir de advertência a uns e outros não confiarem tanto assim nas idéias
preconcebidas, naquilo que se
acredita como certo.
Verão, na TV, significa guerra
de cervejas, homens e mulheres
mostrando seus atributos físicos
e um espaço inaudito para shows
de música, em especial daquelas
que devem bombar no Carnaval.
O axé parece ser, na cabeça de
emissoras como Record e Bandeirantes, sinônimo de verão,
não importa o quão em baixa esteja o gênero -e está.
É só ver o esforço que fazem
Adriane Galisteu e Otaviano
Costa no "Bahia 50º" para extrair
algum interesse de uma apresentação do É o Tchan, em Salvador.
Ou o patético de uma apresentação de Kléber Bam Bam, sujeito
que ganhou notoriedade ao ganhar o primeiro "Big Brother",
cujo talento principal era o de reproduzir uma coreografia para o
"hit" (?!?) "Olha a Onda", do grupo Tchakabum (?!?) no "Boa
Noite, Brasil".
O famoso Zé Ninguém ressuscitou das sombras de onde jamais deveria ter saído para apresentar seu grupo musical, Kléber
Bam Bam e as Pedritas, uma moça feita e duas menininhas de, no
máximo, dez anos. Juntos, mas
em total descoordenação, eles
cantam uma coisa chamada
"Yabba Dabba Bam Bam".
Em outra cena, vemos um Olivier Anquier, cujo português é
ótimo, mas não o suficiente para
improvisar ao vivo, tentando desesperadamente achar as palavras para descrever e qualificar
uma cena de Bam Bam com
crianças na praia. (E pensar que,
enquanto isso, na Globo, mais
uma leva de famosos-quem? está
sendo gestada na quarta versão
(!) do "Big Brother Brasil".)
Já a MTV acerta mais, ao adaptar toda a programação para
uma atmosfera mais descontraída de férias, centralizada na "Casa da Praia", e na escalação de
Daniela Cicarelli como hostess
de um game show, o "Hula Hula". Figura quase caricata de gostosura, Cicarelli lembra, de certa
forma, a Paulette, dos quadrinhos de Wolinksi/Pichard, em
versão tropical.
Ela é, num certo sentido, péssima -desajeitada, inexperiente-, mas é tão linda e simpática
que seus defeitos revestem-se de
uma graça irresistível. Seus artifícios são todos tão transparentes
-basicamente, consistem em
variações em torno dos seus sorrisos-, que ela acaba por convencer de que aquilo tudo é só
uma brincadeira divertida.
biabramo.tv@uol.com.br
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