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MERCADO FONOGRÁFICO
Gravadora presidida por João Marcelo Bôscoli também vai levar seu acervo ao exterior
Trama distribui Palm Records no país
especial para a Folha
A Trama, gravadora presidida
por João Marcelo Bôscoli, deu um
grande passo para se tornar
maior. Foi assinado um contrato
entre a gravadora brasileira e a
multinacional Palm Records, de
propriedade do milionário jamaicano Chris Blackwell, um dos responsáveis pela popularização
mundial do reggae e de Bob Marley e que hoje investe pesado em
grupos de música eletrônica.
Pelo contrato, a Trama terá direito de distribuir no Brasil os
mais de 300 artistas da Palm Records -a maioria deles ainda
desconhecida por aqui, mas que
já despontou no circuito independente europeu- e comercializar
os DVDs da multinacional (recentemente Blackwell comprou
vários longas-metragens de desenhos japoneses em estilo mangá).
No elenco da Palm Records estão os reggaemen Sly & Robbie,
Baby Namboos, projeto do músico inglês Tricky, Imaginary Cuba,
do produtor Bill Laswell etc.
"O Chris acha que o Brasil tem
hoje mais mercado para a música
eletrônica do que os EUA", diz
Bôscoli, que não quis revelar os
valores do contrato.
O filho de Elis Regina e Ronaldo
Bôscoli aproveitou o contato e
viajará para Miami, uma das sedes da Palm Records (as outras
são em Londres e Jamaica), onde
assinará com Blackwell um contrato para distribuir os discos da
Trama na Europa e nos EUA.
"Será a primeira vez que uma
gravadora brasileira vai entrar
com tudo no mercado internacional", anima-se Bôscoli.
A Trama possui um elenco eclético de artistas, que vai do violonista Baden Powel aos rappers
Thaíde e DJ Hum.
"O Chris gostou muito do que
ouviu aqui no Brasil. Com uma
fortuna de mais de U$ 400 milhões, ele não está tão preocupado
em ganhar dinheiro. Quer trabalhar com gente arrojada e criativa", afirma o diretor da Trama.
Workaholic, Chris Blackwell é
considerado há muito tempo um
dos maiores empresários de entretenimento do mundo. Dono de
negócios que vão de música a cinema (foi o produtor-executivo
de filmes como "Bagdad Cafe" e
"O Beijo da Mulher Aranha"), é
visto em Londres ou em Miami de
chinelos e calça jeans, figurino de
que ele não abre mão nem nas
reuniões de trabalho. Ao contrário de Tommy Mottola, o todo-poderoso da Sony Records,
Blackwell gosta de investir em artistas independentes e está sempre aberto a novidades.
Há uma história que diz que
Blackwell foi salvo de um afogamento por rastafaris e, a partir
daí, se apaixonou pelo reggae.
Fundou, em 1959, a gravadora Island, que tinha em seu catálogo
um jovem jamaicano que adorava
maconha, futebol e reggae. O jovem em questão se chamava Bob
Marley.
Com uma mina de ouro em
mãos, a Island virou uma gravadora de ponta, até ser vendida em
1989 para a PolyGram, hoje Universal, por U$ 360 milhões. Depois de ficar um tempo afastado
do mercado, Blackwell fundou
em 1998 a Palm Records. Associou-se a Rhiko, uma das maiores
distribuidoras de discos do mundo, e agora sonha tornar o
drum'n'bass tão popular quanto
o reggae.
(TOM CARDOSO)
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