São Paulo, quarta-feira, 01 de março de 2000


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MERCADO FONOGRÁFICO
Gravadora presidida por João Marcelo Bôscoli também vai levar seu acervo ao exterior
Trama distribui Palm Records no país

especial para a Folha

A Trama, gravadora presidida por João Marcelo Bôscoli, deu um grande passo para se tornar maior. Foi assinado um contrato entre a gravadora brasileira e a multinacional Palm Records, de propriedade do milionário jamaicano Chris Blackwell, um dos responsáveis pela popularização mundial do reggae e de Bob Marley e que hoje investe pesado em grupos de música eletrônica.
Pelo contrato, a Trama terá direito de distribuir no Brasil os mais de 300 artistas da Palm Records -a maioria deles ainda desconhecida por aqui, mas que já despontou no circuito independente europeu- e comercializar os DVDs da multinacional (recentemente Blackwell comprou vários longas-metragens de desenhos japoneses em estilo mangá).
No elenco da Palm Records estão os reggaemen Sly & Robbie, Baby Namboos, projeto do músico inglês Tricky, Imaginary Cuba, do produtor Bill Laswell etc.
"O Chris acha que o Brasil tem hoje mais mercado para a música eletrônica do que os EUA", diz Bôscoli, que não quis revelar os valores do contrato.
O filho de Elis Regina e Ronaldo Bôscoli aproveitou o contato e viajará para Miami, uma das sedes da Palm Records (as outras são em Londres e Jamaica), onde assinará com Blackwell um contrato para distribuir os discos da Trama na Europa e nos EUA.
"Será a primeira vez que uma gravadora brasileira vai entrar com tudo no mercado internacional", anima-se Bôscoli.
A Trama possui um elenco eclético de artistas, que vai do violonista Baden Powel aos rappers Thaíde e DJ Hum.
"O Chris gostou muito do que ouviu aqui no Brasil. Com uma fortuna de mais de U$ 400 milhões, ele não está tão preocupado em ganhar dinheiro. Quer trabalhar com gente arrojada e criativa", afirma o diretor da Trama.
Workaholic, Chris Blackwell é considerado há muito tempo um dos maiores empresários de entretenimento do mundo. Dono de negócios que vão de música a cinema (foi o produtor-executivo de filmes como "Bagdad Cafe" e "O Beijo da Mulher Aranha"), é visto em Londres ou em Miami de chinelos e calça jeans, figurino de que ele não abre mão nem nas reuniões de trabalho. Ao contrário de Tommy Mottola, o todo-poderoso da Sony Records, Blackwell gosta de investir em artistas independentes e está sempre aberto a novidades.
Há uma história que diz que Blackwell foi salvo de um afogamento por rastafaris e, a partir daí, se apaixonou pelo reggae. Fundou, em 1959, a gravadora Island, que tinha em seu catálogo um jovem jamaicano que adorava maconha, futebol e reggae. O jovem em questão se chamava Bob Marley.
Com uma mina de ouro em mãos, a Island virou uma gravadora de ponta, até ser vendida em 1989 para a PolyGram, hoje Universal, por U$ 360 milhões. Depois de ficar um tempo afastado do mercado, Blackwell fundou em 1998 a Palm Records. Associou-se a Rhiko, uma das maiores distribuidoras de discos do mundo, e agora sonha tornar o drum'n'bass tão popular quanto o reggae. (TOM CARDOSO)


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