São Paulo, quinta-feira, 01 de março de 2001

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LIVROS

Livrarias atraem pessoas interessadas em itens alternativos, como CDs e produtos de papelaria e de informática

Megastores mudam perfil de consumidor

DA AGÊNCIA FOLHA

O surgimento de megastores -um fenômeno recente no mercado brasileiro- trouxe uma mudança de perfil em relação ao consumidor que frequentava as tradicionais livrarias. Não são pessoas apenas interessadas em comprar livros.
Uma diferença básica é que o retorno financeiro de uma megastore é a curto prazo, pois a loja não depende supostamente apenas do capital de giro dos livros. As vendas alternativas nas lojas, com CDs e produtos de informática e papelaria, proporcionam o retorno garantido a curto prazo.
A preocupação da ANL (Associação Nacional das Livrarias) com as megastores é se elas passarem, algum dia, a deixar os livros em segundo plano.
"Para que isso não aconteça e o público esteja sempre nas megastores, a ANL aprova os grandes lançamentos de livros, com palestra e tardes de autógrafo, que são cada vez mais comuns nesses lugares", afirma o presidente da entidade, Eduardo Yasuda.
Para o poeta Cláudio Willer, presidente da União Brasileira dos Escritores, as megastores conseguem resumir aquilo que o cliente está procurando, pois, além de conseguir atrair uma série de novos consumidores, possui uma grande e variada quantidade de livros. "Espero que as megastores continuem se expandindo, pois será bom para todos."
De acordo com Pedro Herz, diretor-geral da Livraria Cultura, o fenômeno do fechamento das pequenas livrarias no país é o mesmo que ocorre com os supermercados e mercearias que não conseguem se adaptar aos novos conceitos do mercado.
"As lojas de pequeno porte não se mexem para mudar as situações. Elas possuem atitudes passivas, com um discurso de acomodação. Tem de haver estímulos extras para atrair o cliente."
Segundo Osvaldo Siciliano Júnior, diretor-presidente da Siciliano, as megastores não podem priorizar a venda de CDs, por exemplo, pois assim estariam diminuindo muito as suas margens de lucro e comprometendo a existência da loja. "As margens de lucro na venda de livros superam, em muito, a de CDs. A venda exagerada de CDs em uma livraria pode ser um engano grave e perigoso para a rentabilidade da empresa."
Para Siciliano Júnior, não há hoje condições comerciais para pequenos empresários resolverem abrir ou manter uma livraria. "Sem incentivos extras e com um retorno sempre a longo prazo dentro de um mercado fraco, falta coragem para alguém se interessar em partir para o mercado das livrarias. A pequena livraria é obrigada a vender brinquedos e reservar parte de seu espaço para a papelaria."
A reportagem tentou ouvir um representante da rede de livrarias Saraiva, mas a assessoria da empresa informou que o diretor responsável pelo atendimento à imprensa estava viajando e nenhum outro poderia falar.
(EDUARDO SCOLESE)


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