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LIVROS
Livrarias atraem pessoas interessadas em itens alternativos, como CDs e produtos de papelaria e de informática
Megastores mudam perfil de consumidor
DA AGÊNCIA FOLHA
O surgimento de megastores
-um fenômeno recente no mercado brasileiro- trouxe uma
mudança de perfil em relação ao
consumidor que frequentava as
tradicionais livrarias. Não são
pessoas apenas interessadas em
comprar livros.
Uma diferença básica é que o retorno financeiro de uma megastore é a curto prazo, pois a loja
não depende supostamente apenas do capital de giro dos livros.
As vendas alternativas nas lojas,
com CDs e produtos de informática e papelaria, proporcionam o
retorno garantido a curto prazo.
A preocupação da ANL (Associação Nacional das Livrarias)
com as megastores é se elas passarem, algum dia, a deixar os livros
em segundo plano.
"Para que isso não aconteça e o
público esteja sempre nas megastores, a ANL aprova os grandes
lançamentos de livros, com palestra e tardes de autógrafo, que são
cada vez mais comuns nesses lugares", afirma o presidente da entidade, Eduardo Yasuda.
Para o poeta Cláudio Willer,
presidente da União Brasileira
dos Escritores, as megastores
conseguem resumir aquilo que o
cliente está procurando, pois,
além de conseguir atrair uma série de novos consumidores, possui uma grande e variada quantidade de livros. "Espero que as megastores continuem se expandindo, pois será bom para todos."
De acordo com Pedro Herz, diretor-geral da Livraria Cultura, o
fenômeno do fechamento das pequenas livrarias no país é o mesmo que ocorre com os supermercados e mercearias que não conseguem se adaptar aos novos conceitos do mercado.
"As lojas de pequeno porte não
se mexem para mudar as situações. Elas possuem atitudes passivas, com um discurso de acomodação. Tem de haver estímulos
extras para atrair o cliente."
Segundo Osvaldo Siciliano Júnior, diretor-presidente da Siciliano, as megastores não podem
priorizar a venda de CDs, por
exemplo, pois assim estariam diminuindo muito as suas margens
de lucro e comprometendo a existência da loja. "As margens de lucro na venda de livros superam,
em muito, a de CDs. A venda exagerada de CDs em uma livraria
pode ser um engano grave e perigoso para a rentabilidade da empresa."
Para Siciliano Júnior, não há hoje condições comerciais para pequenos empresários resolverem
abrir ou manter uma livraria.
"Sem incentivos extras e com um
retorno sempre a longo prazo
dentro de um mercado fraco, falta
coragem para alguém se interessar em partir para o mercado das
livrarias. A pequena livraria é
obrigada a vender brinquedos e
reservar parte de seu espaço para
a papelaria."
A reportagem tentou ouvir um
representante da rede de livrarias
Saraiva, mas a assessoria da empresa informou que o diretor responsável pelo atendimento à imprensa estava viajando e nenhum
outro poderia falar.
(EDUARDO SCOLESE)
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