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Paraíba e Pernambuco investem em formar leitores
FERNANDA KRAKOVICS
DA AGÊNCIA FOLHA
A criatividade é o principal instrumento utilizado por educadores para estimular o hábito da leitura em crianças e adolescentes
na Paraíba e em Pernambuco.
Em Campina Grande (PB), eles
contam e lêem histórias em livros
de pano, ilustrados com pinturas,
costuras, colagens com madeira,
pedrinhas ou folhagens.
Esse projeto de formação de leitores é desenvolvido há dez anos
por Albanita Guerra, coordenadora do Proler na Paraíba.
Este mês, a experiência estará ao
alcance de um número maior de
pessoas. A biblioteca municipal
de Campina Grande ganhará 200
livros de pano, feitos pelos alunos
da faculdade de pedagogia da
Universidade Federal da Paraíba.
"O aluno escolhe um tema e, para criar a narrativa, tem de pesquisar muito antes, ler bastante. E
dá certo porque ele se envolve
com o projeto e fica familiarizado
com o universo da leitura", disse a
professora Albanita.
Além dos livros de pano, a biblioteca municipal também receberá 12 mil folhetos de cordel, literatura típica da cultura popular
nordestina, adquiridos de um colecionador que morreu há dois
anos.
Biblioteca ambulante
Desde outubro passado, a Secretaria Municipal de Educação
desenvolve o projeto Cordel na
Escola, em parceria com a Associação de Repentistas de Campina
Grande. Seis artistas populares
percorrem as escolas municipais,
fazendo apresentações e incentivando os alunos a escreverem e
apresentarem seus cordéis.
"Em quatro escolas já há "bibliotecas do cordel", com cerca de 50
folhetos. A proposta é expandir
para outras unidades", disse o secretário de Educação, Harrison
Targino.
Foi por falta de livros na cidade
que duas professoras colocaram
80 livros em um Fiat Prêmio e começaram a percorrer as escolas
do município de Conde, na zona
rural da Paraíba, em 1997. Hoje,
são cerca de 3.000 livros, numa
caminhonete doada por uma organização de padres holandeses.
"Não fazemos atividades como
interpretação de texto porque não
queremos vincular a leitura à tarefinha, e sim despertar a leitura
prazerosa. Então conversamos
sobre os temas lidos, sobre os textos e chamamos a atenção para alguns autores e obras", afirmou
uma das integrantes do projeto, a
professora Anne Celeumans.
Já o educador Roberval Lima,
de Pernambuco, utiliza as técnicas dos contadores de histórias
para despertar o interesse.
Os alunos pegam livros da biblioteca e adaptam os textos para
a linguagem oral. Segundo o educador, esse trabalho é feito geralmente com turmas de terceira e
quarta séries, mas há escolas em
que alunos até mais novos se interessaram pelas atividades.
"Peço para que eles não decorem as histórias, mas criem em cima delas, imitem vozes, para
prender a atenção de quem está
ouvindo", disse Lima.
Ele também orienta as crianças
a adaptarem as histórias para a
realidade delas. "Se há um rio, ele
vira o São Francisco; as personagens passam a se chamar Severino
ou Raimundo", disse o educador.
Lima desenvolve o trabalho em
15 escolas dos municípios de Bezerros, Gravatá e Chã Grande. Este ano, pretende expandir as atividades para Caruaru e Vitória de
Santo Antão.
"Quero mostrar, e pelos resultados acho que tenho conseguido,
que a leitura pode e deve ser agradável", afirmou.
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