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RELÂMPAGOS
Rondas
JOÃO GILBERTO NOLL
Ouviu um vento escorrer
em surdina, por entre margens difíceis de definir. Quem
sabe ribanceiras de um corredor no ar. Algo tão rarefeito,
que só o ato de pensá-lo lhe tirava o fôlego e o obrigava a
andar. De madrugada vagava
pela casa em passos lentos,
olhe bem!, lunares... O vento
já se esfarelava em forma de
chuvisco. Manhã com um
bravo sol. "Chega!", ele berrou se estapeando. Não queria mais... Foi à janela, no sexto andar, e como que jejuou
por um dia, talvez semanas,
meses, e a sensação de leveza
exemplar, verdadeira pena de
pavão, de intempestivas cores
conforme o ângulo em que se
olhasse, essa sensação o fez
recuar até os lençóis, onde
mergulhou cegamente para
não sonhar. O telefone tocava. A campainha. E de novo a
noite, o vento, tudo sem parar...
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