São Paulo, quinta-feira, 01 de março de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RELÂMPAGOS

Rondas

JOÃO GILBERTO NOLL

Ouviu um vento escorrer em surdina, por entre margens difíceis de definir. Quem sabe ribanceiras de um corredor no ar. Algo tão rarefeito, que só o ato de pensá-lo lhe tirava o fôlego e o obrigava a andar. De madrugada vagava pela casa em passos lentos, olhe bem!, lunares... O vento já se esfarelava em forma de chuvisco. Manhã com um bravo sol. "Chega!", ele berrou se estapeando. Não queria mais... Foi à janela, no sexto andar, e como que jejuou por um dia, talvez semanas, meses, e a sensação de leveza exemplar, verdadeira pena de pavão, de intempestivas cores conforme o ângulo em que se olhasse, essa sensação o fez recuar até os lençóis, onde mergulhou cegamente para não sonhar. O telefone tocava. A campainha. E de novo a noite, o vento, tudo sem parar...


Texto Anterior: Mônica Bergamo
Próximo Texto: Cinema: Geraldo Sarno é tema de retrospectiva em festival
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.