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Decidimos correr riscos, diz John Frusciante
Ernesto Rodrigues - 12.out.2002/Folha Imagem
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John Frusciante, em show, no estádio do Pacaembu
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COLUNISTA DA FOLHA, EM LOS ANGELES
A fama de os Red Hot Chili Peppers serem sempre "chatos" no
trato com a imprensa veio à mente na hora em que John Frusciante
apareceu num "bangalô de entrevistas" no hotel Chateau Marmont, um em que Jim Morrison
(Doors) já dançou bêbado no telhado. Frusciante entrou esbaforido e com cara de poucos amigos
em um dos quartos onde estava a
reportagem da Folha.
Em uma ação que durou no máximo um minuto, cheirou o ar,
saiu, entrou de novo, saiu de novo, reclamou em voz alta do carpete "fedido", invadiu um outro
quarto que não estava "arrumado" para entrevistas, deitou na cama, tirou o tênis, pediu para a assustada assessora sair e falou:
"Pode começar. Você se importa
de eu ficar assim, deitado?".
(LR)
Folha - Agora que "Stadium" ficou pronto, bateu o cansaço?
John Frusciante - Não está pronto ainda. Falta mixar quatro, cinco músicas. E talvez mudar umas
outras. Mas não posso nem pensar em ficar cansado agora. Com
um CD prestes a ser lançado, esta
é a hora de a correria começar.
Folha - Em que você acha este novo diferente dos discos anteriores?
Frusciante - Ele é muuuuito diferente. Não sei pelos outros da
banda, mas estou bem entusiasmado com as guitarras de "Stadium". Dos CDs dos Chili Peppers dos quais participei, este é de
longe o melhor, feito com mais
inspiração, correndo mais riscos
sem que ninguém parasse para
questionar: "Ei, tem certeza de
que assim é o melhor jeito?". Deve
ser porque a banda parece se encontrar mais tranqüila, com mais
luz do que nas trevas passadas...
Folha - Esta é a primeira vez em
20 anos que os Chili Peppers repetem a mesma formação em três álbuns consecutivos. A banda resolveu os problemas do passado?
Frusciante - Sim, estamos limpos. Não que tenhamos nos livrados totalmente de nossos demônios. Mas nossas vidas estão aparentemente sob controle. Estou
vendo coisas que nunca pude ver
antes, enxergando mais caminhos
para a minha música. Acho este
disco muito mais inspirado, iluminado. Estou tão excitado com
ele que nos shows, se pudesse,
nem tocaria músicas velhas.
Folha - Minha primeira impressão
do álbum novo é a de que está menos cheio de baladas, como o "By
the Way" (2002, o disco anterior), e
mais dividido em hard rock e músicas com guitarras elaboradas.
Frusciante - Com este novo disco, eu me sinto uma pessoa melhor. Estou conseguindo coisas
que prometi para mim mesmo
que lutaria por elas, que era me
focar, me refugiar na música que
eu faço. E "Stadium" reflete isso.
O disco anterior talvez seja mais
devagar porque ele reflete uma escuridão que eu vivia. Agora me
senti capaz de explorar todas as
camadas de sons que me formaram culturalmente. Ele não é só
quatro caras tocando numa sala,
como eu acho que "By the Way"
era. "Stadium" é consistente, tem
várias camadas, você ouve uma
vez ele é um, outra vez e ele já é
outro. Ele é experimental demais.
Folha - A turnê passa pelo Brasil?
Frusciante - Óbvio que sim. Não
sei se neste ano, porque a gente
começa uma série de shows na
Europa em maio e depois tem a
turnê americana. Mas na América
do Sul é onde estão os mais entusiasmados e loucos fãs dos Chili
Peppers. O público dos EUA vai
nos ver ao vivo e fica reservado,
assistindo ao show. Na América
do Sul eles são parte do show.
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