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ENQUETE
Entrevistas realizadas com 35% dos atores que participaram do 6º Festival de Curitiba apontam seu perfil
Ator brasileiro afirma que vive de teatro
DANIELA ROCHA
da Reportagem Local
Uma enquete realizada com 35%
dos atores que participaram do 6º
Festival de Teatro de Curitiba
mostra que eles vivem de teatro,
mas aceitam a televisão como opção de trabalho.
O 6º Festival de Teatro de Curitiba aconteceu entre 13 e 23 de março e reuniu grupos de São Paulo,
Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais e Pernambuco. Incluiu montagens de Gerald Thomas, Enrique
Diaz, Marco Antônio Braz e Dionisio Neto, entre outros.
Participaram atuando no palco
146 profissionais. Desses, 51 responderam ao questionário elaborado pela Folha, numa enquete
com 20 perguntas.
O resultado da enquete revelou
que, do total de entrevistados, 65%
sobrevivem com o que ganham
trabalhando em teatro e 88% são
favoráveis a interpretar um papel
na TV. Dos entrevistados, 51% já
trabalharam como atores em TV.
Nenhum ator declarou ser contrário a trabalhar em televisão. Para alguns, existem condições prévias, como o papel oferecido e o
projeto.
Daniel Machado, o ator mais jovem entre os entrevistados, com 13
anos, trabalha em teatro há três e
se diz favorável a trabalhar em TV,
mas ressalta: "Apesar de que
quem faz TV não é bem um ator".
O ator brasileiro, de acordo com
a enquete, é branco (76%), não
tem religião (55%), tem escolaridade superior (70%) e não precisou migrar de Estado para trabalhar em teatro: 64% permaneceram no Estado em que nasceram.
Dos atores questionados, 45% já
interpretaram um texto do dramaturgo inglês William Shakespeare
e 27% já atuaram como algum personagem do dramaturgo brasileiro
Nelson Rodrigues.
Luiz Pepeu, que interpreta o
Deus Indra em "O Sonho", de
Strindberg, dirigido por Gabriel
Villela, tem em seu currículo três
montagens de Shakespeare e uma
de Nelson Rodrigues.
As peças de Shakespeare mais interpretadas pelos entrevistados
são "Hamlet" e "Macbeth". Já
de Nelson Rodrigues são "A Falecida" e "Vestido de Noiva".
Entre os outros autores que já interpretaram e que consideram relevantes estão Bertolt Brecht, García Lorca, Jorge Andrade, Plínio
Marcos, Anton Tchekov, Samuel
Beckett, Naum Alves de Souza,
Molière, Carlo Goldoni, Friedrich
Duerrenmatt e Jean Genet.
Apenas 14% dos atores que foram entrevistados já ganharam
prêmios por sua atuação em peças.
Luiz Damasceno é o único ator
que participou de todos os espetáculos da Cia. de Ópera Seca, de Gerald Thomas. Aos 55 anos -30 de
profissão-, ele nunca ganhou
prêmios, mas já foi a festivais em
Zurique, Lausanne, Viena, Hamburgo, Colônia e Nova York, além
de brasileiros em Curitiba (seis vezes), São Paulo e Rio.
Thaís Tedesco, 27, protagonista
de "Nora" (única produção de
Curitiba presente no festival), foi a
entrevistada que mais ganhou prêmios: melhor atriz coadjuvante
nos festivais de São José do Rio
Preto, Jacareí, Florianópolis e São
José dos Campos.
A média de tempo na profissão
dos entrevistados é de 12 anos, e a
sua média de idade é de 32,9 anos.
Boa parte dos atores começa a
trabalhar na área ainda na adolescência ou juventude, com idades
entre 13 e 17 anos.
Entre os cursos de teatro que atores fazem ou fizeram incluem-se
universidades federais da Bahia,
de Pernambuco, de Minas Gerais,
e as estaduais USP e Unicamp.
Dos 51 atores entrevistados, dois
fizeram cursos de teatro no exterior: Agnes Zuliani, que interpreta
o papel de Filha em "No Alvo",
estudou no Lee Strasberg Theatre
Institute, em Nova York (EUA).
Sérgio Módena, que integra o
elenco de "Senhorita Else", estudou na Philipe Goulus School, em
Londres (Inglaterra), além de ter
feito artes cênicas na Unicamp.
Outros fizeram curso como o
CPT (Centro de Pesquisas Teatrais, coordenado por Antunes Filho), o Indac (Instituto de Artes e
Ciências), a EAD (Escola de Arte
Dramática) e o curso do Teatro-Escola Célia Helena (SP).
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