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Músico viveu paixão conturbada
da Reportagem Local
Kurt Weill é uma espécie de representante máximo de um estilo
que, na verdade, teve uma passagem ligeira em sua vida.
Nascido em 1900 em Dachau, na
Alemanha, filho de um cantor,
seus primeiros trabalhos de composição são realizados aos 12 anos.
Toca órgão em sinagogas e deixa-se tomar pela herança do romantismo do compositor Richard
Wagner e pela modernidade de
Arnold Schoenberg.
O primeiro sucesso de Weill foi
uma ópera: ``Der Protagonist''. Tinha 26 anos e começava a participar do instante em que a herança
musical germânica recebe -de
braços abertos- a influência do
jazz norte-americano.
Nesse período já estava há dois
anos casado com a cantora Lotte
Lenya, que seria sua musa por toda
existência. Cada composição seria
pensada para uma performance de
sua mulher.
Nas pequenas casas de espetáculos as canções de fortes insinuações sexuais predominam -quase
que invariavelmente com acompanhamento de piano e metais-,
dando forma à chamada ``música
de cabaré''.
Weill assume o novo estilo e
-segundo boa parte da crítica-
o sofistica ao ponto máximo. Um
trabalho que será potencializado
depois de seu primeiro encontro
com o dramaturgo Bertolt Brecht.
Em 1927, fascinado por uma coleção de versos de Brecht recém-publicados, se engaja -em
sua primeira parceria com o escritor- na feitura de ``Mahagonny''.
Se antes Weill era tido como um
músico promissor, com ``Mahagonny'' surge o sucesso público. A
malícia popular torna-se motivo
de euforia e escândalo.
A parceria entre os dois resulta
em ``A Ópera dos Três Vinténs'' e
``Happy End'', entre outros trabalhos.
Separação
A separação acontece em consequência de um certo exagero ideológico de Brecht, que condiciona a
criação musical -ou dramática-
aos ideais socialistas.
Brecht e Weill se abandonam em
1931, com a chegada de um novo
parceiro, Caspar Neher.
Com o fortalecimento do partido
nazista -e o início das punições a
músicos-, decide abandonar seu
país pela França. O ano é 1933 e,
como se os tormentos já não fossem suficientes, o casamento com
Lotte chega também ao fim.
Em Paris, realiza um ``balé sonoro'' para a companhia de George Balanchine. Mas o que mais o
interessa é, ainda, escrever canções para Lotte.
O esforço é compensado em
1935, quando parte para os EUA e
se anima com as possibilidades do
teatro comercial. Casa-se com a
ex-mulher e juntos partem para a
Broadway. Weill morre em 3 de
abril de 1950.
Parte dessa atribulada trajetória
aparece no volume de cartas trocadas entre Weill e Lotte Lenya reunidos pela University Press em
``Speak Low (When You Speak
Love)'', lançado no final do ano
passado.
Segunda a imprensa norte-americana, o livro é a história de um
casal que passou muito tempo separado para descobrir, no final,
que só poderiam viver juntos.
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