São Paulo, sexta-feira, 01 de abril de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Obra revela segredos de seqüestro

DA REPORTAGEM LOCAL

Fernando Morais esteve entre os últimos a falar com Washington Olivetto antes do seqüestro deste, em dezembro de 2001, numa noite de terça-feira em que os dois se encontrariam para uma entrevista para o livro da W/Brasil, e foi um dos primeiros que esteve com o publicitário, no dia em que ele foi libertado.
O intervalo de 53 dias na conversa de ambos foi interrompido por uma pergunta insólita de Olivetto, ainda no burburinho da sua saída do cativeiro. "Você tem um gravador aí?", dizia um sujeito quase dez quilos mais magro. Morais, que até hoje se define como "um repórter", tinha o aparelho.
Ali iniciou a colheita de detalhes desconhecidos ou pouco conhecidos sobre um dos seqüestros mais famosos do país, alguns dados expostos em "Na Toca dos Leões".
Segundo Morais, o próprio seqüestrado declarou, ao ler a versão final do livro no início do ano, que "não sabia de 80%" do que estava escrito ali sobre o seqüestro. A obra descreve, por exemplo, a vigília minuciosa que os seqüestradores faziam de cada movimento dele dentro de sua "toca" (o título, diz Morais, também alude a isso), incluindo as horas precisas "de xixi ou de choro".
Olivetto também não sabia, detalhe mantido só no interior da polícia, que os criminosos o vigiavam detalhadamente já quase um ano antes do seqüestro e que também acompanhavam os passos de Nizan Guanaes, o "plano B" deles. Outra "descoberta" que o publicitário teve com o livro é que 21 de suas "memórias do cárcere", escritos que fez no cativeiro no Brooklin, haviam sido recuperados, vários reproduzidos no livro.
Coisas que só o próprio Olivetto e seus algozes sabiam também vêm agora a público, como um episódio em que ele jogou um balde de fezes nos seqüestradores, que o espancaram por isso.
Neste momento, e em todas as mais de mil horas em que ficou encarcerado, o publicitário não viu nem ouviu os criminosos.
"Durante todo o seqüestro ele não trocou nenhuma sílaba com eles. Quando encarou os seis que foram capturados, durante a acareação, acho que a ficha caiu", conta Morais. Para ele, foi aí que Olivetto teria desistido de apoiar um livro só sobre o "mico".
"Dá um dó danado. Fiquei com uma cordilheira de informações sem usar", diz o autor do livro, que usa dois dos 18 capítulos do livro para o tema. (CEM)


Na Toca dos Leões
Autor:
Fernando Morais
Editora: Planeta
Quanto: R$ 44,90 (496 págs.)


Texto Anterior: Paulo Coelho é próximo "mago" de biógrafo
Próximo Texto: Cinema: Versão para as telas de "Vestido de Noiva" é exibida em evento francês
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.