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Obra revela segredos de seqüestro
DA REPORTAGEM LOCAL
Fernando Morais esteve entre
os últimos a falar com Washington Olivetto antes do seqüestro
deste, em dezembro de 2001, numa noite de terça-feira em que os
dois se encontrariam para uma
entrevista para o livro da W/Brasil, e foi um dos primeiros que esteve com o publicitário, no dia em
que ele foi libertado.
O intervalo de 53 dias na conversa de ambos foi interrompido
por uma pergunta insólita de Olivetto, ainda no burburinho da sua
saída do cativeiro. "Você tem um
gravador aí?", dizia um sujeito
quase dez quilos mais magro. Morais, que até hoje se define como
"um repórter", tinha o aparelho.
Ali iniciou a colheita de detalhes
desconhecidos ou pouco conhecidos sobre um dos seqüestros mais
famosos do país, alguns dados expostos em "Na Toca dos Leões".
Segundo Morais, o próprio seqüestrado declarou, ao ler a versão final do livro no início do ano,
que "não sabia de 80%" do que estava escrito ali sobre o seqüestro.
A obra descreve, por exemplo, a
vigília minuciosa que os seqüestradores faziam de cada movimento dele dentro de sua "toca"
(o título, diz Morais, também alude a isso), incluindo as horas precisas "de xixi ou de choro".
Olivetto também não sabia, detalhe mantido só no interior da
polícia, que os criminosos o vigiavam detalhadamente já quase um
ano antes do seqüestro e que também acompanhavam os passos de
Nizan Guanaes, o "plano B" deles.
Outra "descoberta" que o publicitário teve com o livro é que 21 de
suas "memórias do cárcere", escritos que fez no cativeiro no
Brooklin, haviam sido recuperados, vários reproduzidos no livro.
Coisas que só o próprio Olivetto
e seus algozes sabiam também
vêm agora a público, como um
episódio em que ele jogou um balde de fezes nos seqüestradores,
que o espancaram por isso.
Neste momento, e em todas as
mais de mil horas em que ficou
encarcerado, o publicitário não
viu nem ouviu os criminosos.
"Durante todo o seqüestro ele
não trocou nenhuma sílaba com
eles. Quando encarou os seis que
foram capturados, durante a acareação, acho que a ficha caiu",
conta Morais. Para ele, foi aí que
Olivetto teria desistido de apoiar
um livro só sobre o "mico".
"Dá um dó danado. Fiquei com
uma cordilheira de informações
sem usar", diz o autor do livro,
que usa dois dos 18 capítulos do livro para o tema.
(CEM)
Na Toca dos Leões
Autor: Fernando Morais
Editora: Planeta
Quanto: R$ 44,90 (496 págs.)
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