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CINEMA
Filme tem direção de Joffre, filho de Nelson Rodrigues
Versão para as telas de "Vestido de Noiva" é exibida em evento francês
PEDRO MACIEL GUIMARÃES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS
No Ano do Brasil na França não
poderia faltar uma homenagem
ao diretor de cinema brasileiro
mais prestigiado na Europa. Porém a 16ª edição do festival Teatros no Cinema, da cidade de Bobigny, região parisiense, foi além
de uma mera retrospectiva da
obra de Glauber Rocha.
A mostra, que tem como objetivo recuperar a obra de grandes
autores do cinema mundial, homenageou ainda os 25 anos da
morte de Nelson Rodrigues com
duas obras inéditas no Brasil
-uma versão filmada da peça
"Boca de Ouro", dirigida por Zé
Celso Martinez Corrêa, e o filme
"Vestido de Noiva", exibido hoje
no encerramento do festival em
première mundial e primeiro filme dirigido pelo filho mais velho
de Nelson, Joffre Rodrigues.
Levando às telas "Vestido de
Noiva", o estreante cineasta de 63
anos Joffre Rodrigues realiza um
velho sonho do pai. "Antes de
morrer, ele me pediu para fazer
esse texto acontecer, e no cinema", lembra-se Joffre, que até hoje só havia trabalhado como produtor de cinema. A vontade de se
tornar cineasta Joffre guarda desde a época da abortada tentativa
de filmar "Senhora dos Afogados", em 1964. O filme era para ser
dirigido por Glauber Rocha, que
acabou desistindo por motivos
pessoais. Joffre propôs então ao
pai de ele mesmo dirigir o longa-metragem. "Ele logo me cortou as
asas. Eu tinha 22 anos na época, e
ele me achava inexperiente demais", sentencia Joffre. A versão
cinematográfica de Joffre, que
ainda não tem data de estréia no
Brasil, é estrelada por Marília Pêra, Letícia Sabatella, Marcos Winter e Simone Spoladore.
O festival de Bobigny teve também uma encenação da obra de
Nelson criada especialmente para
o evento, uma leitura dramática
do monólogo "Valsa Nº 6", dirigida pelo diretor francês de origem
argelina Said Oulm-Khelifa. Já Zé
Celso Martinez Corrêa veio à
França apresentar sua versão filmada de "Boca de Ouro", peça
encenada pelo teatro Oficina entre 1999 e 2002.
Ela faz parte de um projeto do
diretor de lançar quatro de suas
peças (as outras são "Cacilda",
"As Bacantes" e "Ham-Let") em
DVD.
Nelson Rodrigues dividiu as
atenções do público de Bobigny
com a turma de Glauber Rocha e
dos outros integrantes do cinema
novo (Nelson Pereira dos Santos,
Leon Hirszman, Ruy Guerra) e do
cinema marginal paulista (Rogério Sganzerla, Carlos Reichenbach). Da retrospectiva do diretor
de "Terra em Transe" (dez longas
e seis curtas), só ficaram de fora
alguns curtas feitos em vídeo e
que não tiveram distribuição comercial e o filme perdido "Cruz
na Praça" (1959). Por outro lado,
foram apresentados filmes raros
dirigidos por ele ("O Leão de Sete
Cabeças", 1969, e "Claro", 1975) e
outros nos quais o diretor aparece
polemizando sobre cinema e política ("As Armas e o Povo", 1968).
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