São Paulo, sexta-feira, 01 de abril de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CINEMA

Filme tem direção de Joffre, filho de Nelson Rodrigues

Versão para as telas de "Vestido de Noiva" é exibida em evento francês

PEDRO MACIEL GUIMARÃES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS

No Ano do Brasil na França não poderia faltar uma homenagem ao diretor de cinema brasileiro mais prestigiado na Europa. Porém a 16ª edição do festival Teatros no Cinema, da cidade de Bobigny, região parisiense, foi além de uma mera retrospectiva da obra de Glauber Rocha.
A mostra, que tem como objetivo recuperar a obra de grandes autores do cinema mundial, homenageou ainda os 25 anos da morte de Nelson Rodrigues com duas obras inéditas no Brasil -uma versão filmada da peça "Boca de Ouro", dirigida por Zé Celso Martinez Corrêa, e o filme "Vestido de Noiva", exibido hoje no encerramento do festival em première mundial e primeiro filme dirigido pelo filho mais velho de Nelson, Joffre Rodrigues.
Levando às telas "Vestido de Noiva", o estreante cineasta de 63 anos Joffre Rodrigues realiza um velho sonho do pai. "Antes de morrer, ele me pediu para fazer esse texto acontecer, e no cinema", lembra-se Joffre, que até hoje só havia trabalhado como produtor de cinema. A vontade de se tornar cineasta Joffre guarda desde a época da abortada tentativa de filmar "Senhora dos Afogados", em 1964. O filme era para ser dirigido por Glauber Rocha, que acabou desistindo por motivos pessoais. Joffre propôs então ao pai de ele mesmo dirigir o longa-metragem. "Ele logo me cortou as asas. Eu tinha 22 anos na época, e ele me achava inexperiente demais", sentencia Joffre. A versão cinematográfica de Joffre, que ainda não tem data de estréia no Brasil, é estrelada por Marília Pêra, Letícia Sabatella, Marcos Winter e Simone Spoladore.
O festival de Bobigny teve também uma encenação da obra de Nelson criada especialmente para o evento, uma leitura dramática do monólogo "Valsa Nº 6", dirigida pelo diretor francês de origem argelina Said Oulm-Khelifa. Já Zé Celso Martinez Corrêa veio à França apresentar sua versão filmada de "Boca de Ouro", peça encenada pelo teatro Oficina entre 1999 e 2002.
Ela faz parte de um projeto do diretor de lançar quatro de suas peças (as outras são "Cacilda", "As Bacantes" e "Ham-Let") em DVD.
Nelson Rodrigues dividiu as atenções do público de Bobigny com a turma de Glauber Rocha e dos outros integrantes do cinema novo (Nelson Pereira dos Santos, Leon Hirszman, Ruy Guerra) e do cinema marginal paulista (Rogério Sganzerla, Carlos Reichenbach). Da retrospectiva do diretor de "Terra em Transe" (dez longas e seis curtas), só ficaram de fora alguns curtas feitos em vídeo e que não tiveram distribuição comercial e o filme perdido "Cruz na Praça" (1959). Por outro lado, foram apresentados filmes raros dirigidos por ele ("O Leão de Sete Cabeças", 1969, e "Claro", 1975) e outros nos quais o diretor aparece polemizando sobre cinema e política ("As Armas e o Povo", 1968).


Texto Anterior: Obra revela segredos de seqüestro
Próximo Texto: CDs - Pop: Beck mistura influências e se encontra em seu melhor álbum
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.