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RELÂMPAGOS
Virgínia
JOÃO GILBERTO NOLL
O homem encarapitado no
poste não parecia tão consciente assim de qualquer
conserto na rede elétrica.
Seu olhar com certeza acalentava outras vertentes que
não aquela ali, passiva, entre
luvas isolantes, voltada tão-só para seu término. Talvez
ele não quisesse fitar o fim
do problema nos fios. Talvez, no alto, estivesse descongestionando os dias levados no chão. Ele sempre
acompanhado de mim e do
Amadeo. Falávamos do desaparecimento de Virgínia.
Sua mãe, ensandecida, contara a história da filha transformada em pedra. Coberta
de musgo. Costumávamos
tocar nesse veludo, bêbados,
antes que o sono nos transportasse para casa.
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