São Paulo, Quinta-feira, 01 de Abril de 1999
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RELÂMPAGOS
Virgínia

JOÃO GILBERTO NOLL

O homem encarapitado no poste não parecia tão consciente assim de qualquer conserto na rede elétrica. Seu olhar com certeza acalentava outras vertentes que não aquela ali, passiva, entre luvas isolantes, voltada tão-só para seu término. Talvez ele não quisesse fitar o fim do problema nos fios. Talvez, no alto, estivesse descongestionando os dias levados no chão. Ele sempre acompanhado de mim e do Amadeo. Falávamos do desaparecimento de Virgínia. Sua mãe, ensandecida, contara a história da filha transformada em pedra. Coberta de musgo. Costumávamos tocar nesse veludo, bêbados, antes que o sono nos transportasse para casa.


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