AMIR LABAKI
enviado especial a Buenos Aires

Tendo Francis Ford Coppola como padrinho, Buenos Aires inaugura hoje seu primeiro festival dedicado ao cinema independente. Mais de cem filmes serão exibidos até o próximo dia 11 em dez salas da capital argentina.
"É uma oposição ao Festival de Mar del Plata", explica o crítico argentino Quintin, editor da revista mensal "El Amante Cine".
Enquanto o polêmico e ressurrecto festival litorâneo procura se inserir no circuito da grande indústria, a nova mostra aposta no circuito alternativo.
"O cineasta independente é alguém que faz seu cinema sem que ninguém lhe diga o que fazer, é o cineasta que assume suas próprias responsabilidades", define o diretor artístico dessa edição do festival, Andrés Di Tella. Hollywood não, Sundance sim.
Tanto é assim que o instituto dirigido por Robert Redford aproveita o evento para realizar em Buenos Aires um seminário de dois dias sobre distribuição e exibição no Mercosul.
A versão brasileira do mesmo encontro acontece no Rio nos próximos dias 15 e 16.
O festival está estruturado em torno de duas competições, uma para cineastas em seu primeiro ou segundo filme, outra para curtas-metragens.
A participação brasileira no evento é bastante tímida. "Kenoma", de Eliana Caffé, foi o único título convidado. A produtora Zita Carvalhosa participa do júri de curtas. Já José Mojica Marins, o Zé do Caixão, será homenageado com uma projeção especial neste sábado de "Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver".
Coppola vai a Buenos Aires prestigiar a projeção do primeiro curta-metragem dirigido por sua filha, Sophie, "Lick the Star". O diretor de "O Poderoso Chefão" participa amanhã de um debate público no teatro Regio.
O cineasta dinamarquês Lars von Trier não vai a Buenos Aires, mas discute o modelo Dogma 95 de cinema improvisado numa teleconferência na tarde de sábado. Serão exibidos ainda uma curta sobre os princípios do movimento ("Lars from 1 to 10") e "Os Idiotas". Um workshop realizado paralelamente ao festival vai originar um grupo de curtas rodados a partir dos mandamentos do Dogma.
As retrospectivas celebram o italiano Nanni Moretti e o americano Paulo Morrissey. As principais atrações do programa serão o vencedor do último Sundance, "Three Seasons", do norte-americano Tony Bui, o cultuado "Fim de Agosto, Início de Setembro", do francês Olivier Assayas, e "Velvet Goldmine, de Todd Haynes.